<\/a><\/p>\n

O mundo j\u00e1 foi muito mais simples. Se voc\u00ea fabricava um produto e queria vend\u00ea-lo, podia fazer duas coisas: colocar a m\u00e3o na massa e vender; ou arrumar algu\u00e9m que fizesse esse papel (um representante, uma loja, um armaz\u00e9m ou coisa do tipo). A esses personagens que n\u00e3o fabricam nada, mas contribuem para que o produto chegue \u00e0s m\u00e3os de quem dele precisa, convencionou-se chamar canais de marketing ou canais de vendas e distribui\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

At\u00e9 h\u00e1 bem pouco tempo, esses canais eram bem conhecidos: o representante, o distribuidor, revendedor, o varejista (que pode ser classificado em v\u00e1\u00e1\u00e1rias categorias) e diversos tipos de intermedi\u00e1rios. Aos poucos, essas possibilidades foram se ampliando e j\u00e1 se podia vender por telefone, pela televis\u00e3o, pela internet, em parceria com outros fabricantes, em eventos, enfim, um mundo novo foi se escancarando para a alegria de vendedores e compradores.<\/p>\n

Lendo o excelente “O marketing depois de amanh\u00e3<\/strong>“, do Ricardo Cavallini download gr\u00e1tis aqui<\/a>), d\u00e1 para perceber que isso \u00e9 s\u00f3 o come\u00e7o. N\u00e3o foram s\u00f3 os canais que mudaram. Os vendedores mudaram; os produtos mudaram; os compradores mudaram; e as engenhocas eletr\u00f4nicas que habitam o planeta tamb\u00e9m mudaram, e de maneira espetacular.<\/p>\n

Os compradores est\u00e3o muit\u00edssimo mais exigentes. Os canais n\u00e3o s\u00e3o mais isolados; agora eles formam uma teia, olha s\u00f3: n\u00e3o \u00e9 porque as vendas da empresa na Internet s\u00e3o baixas que ela n\u00e3o precisa se preocupar com o site; o processo decis\u00f3rio hoje inclui v\u00e1rios canais e um dos mais importantes \u00e9 a internet. O contr\u00e1rio tamb\u00e9m acontece: a pessoa vai na loja; olha, analisa, compara e depois senta na frente do seu notebook para fechar o neg\u00f3cio.<\/p>\n

Agora n\u00e3o tem mais consumidor passivo; as pessoas pesquisam, interagem com outros consumidores, trocam opini\u00f5es, testam outras marcas, e tudo isso muito rapidinho, quer os vendedores gostem da ideia, quer n\u00e3o. Casos como o do cineasta Kevin Smith, que foi expulso de um dos avi\u00f5es da Southwest Airlines<\/em> por estar acima do peso, poderia passar batido em \u00e9pocas menos conectadas que a nossa. O twitter fez com que o incidente tomasse propor\u00e7\u00f5es globais, complicando muito a imagem da empresa (que, providencialmente, tinha um twitteiro de plant\u00e3o que n\u00e3o comeu mosca e conseguiu minimizar o impacto da bomba).<\/p>\n

Assim, n\u00e3o basta a cadeia ter bons produtos, bons distribuidores e bons varejistas. \u00c9 preciso pensar em todas as maneiras pelas quais o consumidor tem acesso ao produto e quais ele ainda n\u00e3o tem (para poder vir a ter).<\/p>\n

Quer ver? Uma das coisas mais interessantes \u00e9 o advergaming<\/em>, ou propaganda em jogos. Para se ter uma ideia, s\u00f3 nos Estados Unidos, a ind\u00fastria de games faturou U$ 21 bilh\u00f5es em 2008<\/a>. Isso \u00e9 um mundo de consumidores de outros produtos em potencial, o que faz com que muitas marcas coloquem seus an\u00fancios nos cen\u00e1rios dos jogos. Outra vers\u00e3o do advergaming<\/em> \u00e9 criar jogos espec\u00edficos para divulgar uma marca. S\u00e3o muitas possibilidades mesmo, e tem mais.<\/p>\n

O mundo dos games \u00e9 t\u00e3o atraente por uma caracter\u00edstica muito simples: \u00e9 a m\u00eddia que mais possui capacidade de imers\u00e3o; ou seja, a pessoa que joga “entra” na cena e n\u00e3o se distrai, ao contr\u00e1rio da TV, da internet, de um livro, revista, jornal ou m\u00fasica. Ela realmente se concentra e passa a viver em outra dimens\u00e3o, prato cheio para quem quer anunciar. Outra estrat\u00e9gia que usa esse ambiente \u00e9 o “product placement<\/em> “, ou seja, fazer o personagem vestir uma cal\u00e7a da marca Diesel, comer um sandu\u00edche do McDonald’s, usar telefones Sony Ericcson ou ganhar mais energia bebendo Red Bull. Pesquisas indicam que os jogadores acham que propaganda nos jogos faz com que o cen\u00e1rio pare\u00e7a ainda mais realista (parece que n\u00e3o se incomodam nem um pouco com a invas\u00e3o).<\/p>\n

Al\u00e9m disso, os jogos ainda propiciam oportunidades para bandas, j\u00e1 que sempre h\u00e1 trilhas sonoras envolventes para compor o cen\u00e1rio. Black Eyed Peas<\/em> e Red Hot Chilli Pepper<\/em>s<\/em> sabem bem disso e aproveitam horrores. Se voc\u00ea \u00e9 m\u00fasico, fique atento.<\/p>\n

O pessoal anda investindo tanto nesse canal de divulga\u00e7\u00e3o da marca que a Pizza Hut embutiu um script no EverQuest II<\/em> que possibilita que o jogador pe\u00e7a uma pizza sem interromper suas tarefas. \u00c9 s\u00f3 digitar a palavra pizza<\/em> que o pedido \u00e9 feito, automagicamente .<\/p>\n

Um dos casos mais famosos e bem sucedidos de advergaming<\/em> \u00e9 o do ex\u00e9rcito americano, que convenceu jovens a se alistarem oferecendo, gratuitamente, um jogo caprichado no realismo de estrat\u00e9gias de combate. Quase como tirar pirulito da boca de crian\u00e7a, um perigo!<\/p>\n

Isso sem falar no inimagin\u00e1vel potencial do telefone celular, cada vez mais esperto. O Bradesco j\u00e1 tem um aplicativo de realidade aumentada para iPhone onde uma pessoa aponta o celular para a rua e aparecem s\u00edmbolos sobrepostos \u00e0 imagem indicando onde h\u00e1 ag\u00eancias e caixas autom\u00e1ticos nos pr\u00f3ximos quarteir\u00f5es (que tamb\u00e9m s\u00e3o mostrados em um mapa das imedia\u00e7\u00f5es de onde voc\u00ea est\u00e1).<\/p>\n

H\u00e1 tamb\u00e9m alguns testes de aplicativos onde voc\u00ea aproxima o celular de um produto no supermercado e ele fornece as informa\u00e7\u00f5es sobre a \u00e9tica da empresa fabricante; pode fornecer tamb\u00e9m toda a composi\u00e7\u00e3o do produto em termos de calorias, vitaminas e ingredientes. O Nextbus, que j\u00e1 est\u00e1 em funcionando em v\u00e1rios estados americanos, informa quanto tempo o seu \u00f4nibus vai levar para chegar no ponto onde voc\u00ea est\u00e1 (o ponto de \u00f4nibus fica rastreando os ve\u00edculos e enviando informa\u00e7\u00f5es aos celulares que as requisitarem).<\/p>\n

Cavallini ainda nos conta mais: controle de estoque autom\u00e1tico com rastreamento de etiquetas eletr\u00f4nicas coladas nas roupas (tambem d\u00e1 para rastrear bagagens, rem\u00e9dios, animais: tudo que se quiser monitorar o movimento); projetores capazes de ajustar a imagem para atingir boa performance mesmo em superf\u00edcies ruins e estampadas (j\u00e1 que paredes lisas ser\u00e3o cada vez mais raras) e at\u00e9 sistemas capazes de emitir som puro e l\u00edmpido de maneira completamente focada, onde s\u00f3 a pessoa que est\u00e1 na mira \u00e9 que escuta (voc\u00ea pode ouvir a explica\u00e7\u00e3o sobre um quadro numa galeria cheia deles sem ter a sensa\u00e7\u00e3o de que est\u00e1 num lugar barulhento; uma ambul\u00e2ncia pode emitir a sirene somente para os carros que est\u00e3o na frente dela); enfim, h\u00e1 um universo literalmente infinito de possibilidades.<\/p>\n

Projetar canais de distribui\u00e7\u00e3o sempre foi um joguinho bacana onde s\u00f3 os muito feras conseguiam bater recordes de pontos. O problema \u00e9 que a quantidade e a complexidade de pe\u00e7as est\u00e1 aumentando muito r\u00e1pido, assim como n\u00famero de jogadores; sem dizer que as regras mudam no meio do jogo sem a menor cerim\u00f4nia. N\u00e3o d\u00e1 mesmo para reclamar de falta de emo\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

E a\u00ed, vai uma partida?<\/p>\n

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L\u00edgia Fascioni | www.ligiafascioni.com.br<\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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