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{"id":5977,"date":"2010-07-04T11:39:01","date_gmt":"2010-07-04T14:39:01","guid":{"rendered":"http:\/\/ligiafascioni.com.br\/blog\/?p=5977"},"modified":"2022-07-11T15:34:30","modified_gmt":"2022-07-11T18:34:30","slug":"simplesmente-vermelho","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/simplesmente-vermelho\/","title":{"rendered":"Simplesmente vermelho"},"content":{"rendered":"

A gente vive num mundo colorido e sabe que cada cor tem seu valor, mas nenhuma \u00e9 t\u00e3o pol\u00eamica e cheia de personalidade como o vermelho. Por causa dela, reis, imperadores e at\u00e9 cidad\u00e3os comuns fizeram intrigas, guerras, espionagem e tingiram o solo de sangue, veja s\u00f3.<\/p>\n

Sobre a epop\u00e9ia do vermelho \u00e9 que trata o curioso “A perfect red: empire, espionage and the quest for the color of desire<\/a><\/em><\/strong>“*, de Amy Greenfield. A gente n\u00e3o faz id\u00e9ia, mas o vermelho teve participa\u00e7\u00e3o importante na economia de pa\u00edses, na manuten\u00e7\u00e3o de imp\u00e9rios e at\u00e9 na preserva\u00e7\u00e3o ou aniquila\u00e7\u00e3o de vidas.<\/p>\n

A autora (por sinal, filha e neta de tintureiros) conta que na Idade M\u00e9dia, a arte de tingir tecidos era conhecida e dominada por poucos e que esse expertise<\/em> era passado de pai para filho. Conseguir os pigmentos corretos e fazer com que tecidos parecessem vivos e brilhantes era um desafio formid\u00e1vel, se considerarmos os parcos recursos; mas n\u00e3o menor era a dificuldade em impedir que desbotassem. O trabalho de tintureiro, apesar de muit\u00edssimo bem remunerado, era sacrificante; o sujeito tinha que lidar com tinas enormes, temperaturas desumanas, \u00e1cidos perigosos, gomas t\u00f3xicas e subst\u00e2ncias esquisitas (estercos e fluidos corporais de animais diversos eram largamente usados como componentes).<\/p>\n

Num mundo dominado pelo cinza, bege e branco-sujo (pense nos cen\u00e1rios dos filmes dessa \u00e9poca), uma cor viva nas vestes era privil\u00e9gio de poucos (nobres, ricos e sacerdotes). E de todas as cores, a mais dif\u00edcil de se obter e conservar era o carmim. Pessoas comuns, mesmo que tivessem acesso, eram proibidas por lei de usar esse tom (que variava muito de apar\u00eancia, indo do vermelho amarronzado ao p\u00farpura).<\/p>\n

Durante o renascimento, a admira\u00e7\u00e3o pelo escarlate passou a ser um verdadeiro fetiche, de maneira que os propriet\u00e1rios de roupas dessa cor eram realmente afortunados (tecidos vermelhos equivaliam quase a ouro e j\u00f3ias). A import\u00e2ncia da coisa era tamanha, que os tingidores de Lucca, na It\u00e1lia, famosos pelas suas habilidades e compet\u00eancias, eram sentenciados de morte caso resolvessem trabalhar em outra cidade (e os reis de v\u00e1rios lugares viviam fazendo-lhes convites indecorosos).<\/p>\n

<\/p>\n

Tingir um tecido de vermelho era caro e complicado por causa das subst\u00e2ncias que forneciam o pigmento. A henna<\/em>, por exemplo, funcionava para colorir a pele, as unhas e o cabelo, mas era completamente inadequada para tingir tecidos. Havia tamb\u00e9m a dificuldade de transporte; algumas ra\u00edzes proviam bons resultados, desde que o tintureiro fosse um met\u00f3dico compulsivo; qualquer piscada e a roupa do pr\u00edncipe podia ficar marrom, coral ou alaranjada. Os especialistas do imp\u00e9rio otomano conseguiam resultados esplendorosos, mas o processo podia levar at\u00e9 4 meses de trabalho dur\u00edssimo (e arriscado). O pau Brasil tamb\u00e9m teve seus dias de gl\u00f3ria, mas foi rapidamente abandonado porque desbotava com muita facilidade. Havia vermelhos incr\u00edveis, mas a maioria vinha das entranhas de insetos ex\u00f3ticos, dif\u00edceis de se obter em grande escala; al\u00e9m disso, eles s\u00f3 funcionavam em l\u00e3 e seda.<\/p>\n

Foi a\u00ed que chegaram rumores que, nas terras rec\u00e9m descobertas por Portugal e Espanha (o Novo Mundo), havia um vermelho intenso e bel\u00edssimo, mais v\u00edvido que qualquer experiente tintureiro veneziano conseguiria fazer. O buchicho foi crescendo junto com a curiosidade. Seria verdade tamanha maravilha?<\/p>\n

Pois \u00e9, se a gente considerar que os europeus acreditavam que na Am\u00e9rica todos viviam felizes, na mais perfeita paz e harmonia sem precisar de dinheiro ou governos, morando em cidades feitas de ouro, d\u00e1 para duvidar um pouco. Mas nem tudo era idealiza\u00e7\u00e3o ou fantasia: a hist\u00f3ria do vermelho sensacional era real.<\/p>\n

O tal encarnado era obtido pelos habitantes da Am\u00e9rica Central com a ajuda de um poderoso corante: o \u00e1cido carm\u00ednico, produzido pela f\u00eamea da Cochonila, era capaz de tingir um tecido por s\u00e9culos, sem desbotar. Pois os astecas conseguiram aprimorar essa esp\u00e9cie selvagem e criar uma super-cochonila, maior, com mais \u00e1cido-carm\u00ednico e capaz de produzir um vermelho muito mais intenso (fico pensando naquelas propagandas de esmalte e batom). Para esse povo, dado a sacrif\u00edcios humanos e rituais sangu\u00edneos, essa cor tinha valor especial mesmo, o que justificava o investimento. Al\u00e9m do mais, at\u00e9 hoje a gente percebe como os mexicanos apreciam cores vivas. Eles n\u00e3o s\u00e3o t\u00e3o coloridos hoje \u00e0 toa; a excel\u00eancia no ramo vem de muito, muito tempo.<\/p>\n

Agora imagine um bando de europeus miser\u00e1veis chegando de navio no M\u00e9xico e dando de cara com esse mundo multicolorido. Foi um deslumbre sem controle; para eles, as cores eram a coisa mais luxuosa que podiam imaginar; poucos tinham visto ao vivo um vermelho t\u00e3o intenso. A inveja e a gan\u00e2ncia destru\u00edram a mais linda cidade asteca que j\u00e1 existiu, e o vermelho passou a ser uma cor infeliz para aquele povo. No outro lado do oceano, por\u00e9m, a gl\u00f3ria da cochonila estava apenas come\u00e7ando.<\/p>\n

Os antigos mexicanos produziam o pigmento de cochonila em quantidades industriais e boa parte passou a ser enviado para a Europa at\u00e9 se tornar um ingrediente indispens\u00e1vel para a ind\u00fastria t\u00eaxtil. Mas como tudo na vida, quando ficou comum, acabou caindo de moda. Mesmo assim, o pigmento tamb\u00e9m servia para fazer o dific\u00edlimo preto absoluto, e os nobres, a exemplo de Steve Jobs e do pessoal mais cool<\/em> de hoje, passaram a usar essa n\u00e3o-cor por um bom tempo.<\/p>\n

A cochonila tamb\u00e9m come\u00e7ou a ser usada para fabricar cosm\u00e9ticos (blush e batom), tinta para os mestres pintores (Tintoretto, Vermeer, Rembrandt, Rubens e Van Dick desfrutaram dos benef\u00edcios do besourinho famoso) e corante para alimentos.<\/p>\n

Esse pequeno inseto se alimentava e vivia pendurado num tipo de cacto que crescia no M\u00e9xico, motivo pelo qual, por muito tempo, o pa\u00eds foi o principal fornecedor mundial de pigmentos. No meio disso houve intrigas, piratarias, batalhas e muito stress; depois da independ\u00eancia mexicana, a Guatemala e as Ilhas Can\u00e1rias assumiram a dianteira na produ\u00e7\u00e3o, mas s\u00f3 durou at\u00e9 a descoberta de corantes sint\u00e9ticos muito mais baratos e abundantes, o que levou os fornecedores do pigmento animal \u00e0 bancarrota.<\/p>\n

Hoje, a cochonila \u00e9 usada artesanalmente somente por \u00edndios mexicanos e um pouco da produ\u00e7\u00e3o vai para corantes aliment\u00edcios naturais, mas a escala nem se compara aos \u00e1ureos tempos.<\/p>\n

E pensar que esse pequeno inseto hoje, pelo menos no Brasil, \u00e9 apenas uma praga de jardim (sim, \u00e9 aquele pulg\u00e3o que deixa manchinhas brancas nas folhas da sua adorada samambaia).<\/p>\n

A chochonila caiu em desgra\u00e7a, mas o vermelho continua forte, apaixonante, sedutor e deslumbrante, seja l\u00e1 qual for a maneira de consegui-lo. Ou como lembra a famosa banda brit\u00e2nica, Simply Red<\/em>…<\/p>\n

——-<\/p>\n

* Tradu\u00e7\u00e3o: “Um vermelho perfeito: imp\u00e9rio, espionagem e a busca pela cor do desejo<\/em>”<\/p>\n

L\u00edgia Fascioni | www.ligiafascioni.com.br<\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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