<\/a><\/p>\n Se h\u00e1 algu\u00e9m que, definitivamente, fez diferen\u00e7a na hist\u00f3ria dos objetos, ele se chama Dieter Rams. Nascido na Alemanha e filho de um carpinteiro, Dieter sempre foi detalhista. Arquiteto, foi quem revolucionou o design dos produtos eletr\u00f4nicos da Braun nos anos 50 e 60 que at\u00e9 hoje servem de inspira\u00e7\u00e3o para tudo o que a Apple faz (Jonathan Ive, Vice-Presidente de Design da Apple, \u00e9 seu f\u00e3 confesso e seguidor dedicado). D\u00e1 para dizer, sem errar, que Dieter Rams \u00e9 o av\u00f4 do iPod (e, ao contr\u00e1rio do que a turma que gosta de uma intriga prega, ele interpreta o trabalho da Apple como um elogio; e sim, ele tem um iPod, presente do pr\u00f3prio Ive).<\/p>\n Na d\u00e9cada de 80, j\u00e1 c\u00e9lebre e com v\u00e1rias pe\u00e7as expostas no MoMA, Dieter se viu, segundo suas pr\u00f3prias palavras, imerso num mundo repleto de uma “impenetr\u00e1vel confus\u00e3o de formas, cores e ru\u00eddos<\/em>“. Ciente de que tinha uma participa\u00e7\u00e3o na constru\u00e7\u00e3o desse cen\u00e1rio, come\u00e7ou a questionar os fundamentos do seu trabalho e se perguntou: “ser\u00e1 que meu design \u00e9 um bom design?<\/em>“.<\/p>\n \n Foi a\u00ed que Rams come\u00e7ou a desenhar uma lista de crit\u00e9rios para que um design fosse considerado bom. De l\u00e1 pra c\u00e1, j\u00e1 surgiram mandamentos, leis e princ\u00edpios a perder de vista. Mas, na minha opini\u00e3o, nenhuma lista tem um design t\u00e3o bom como essa aqui. V\u00ea se n\u00e3o \u00e9 mesmo:<\/p>\n <\/p>\n 1. O bom design \u00e9 inovador.<\/strong> Ele salienta que a tecnologia sempre possibilita que um objeto possa ser melhorado e que essa busca \u00e9 infinita. Mas, atento que \u00e9, lembra que a tecnologia \u00e9 um meio, nunca um fim.<\/p>\n \n 2. O bom design faz que o produto seja \u00fatil.<\/strong> Dieter lembra que um produto \u00e9 comprado para ser usado e tem que satisfazer n\u00e3o apenas os crit\u00e9rios funcionais, mas tamb\u00e9m os est\u00e9ticos e psicol\u00f3gicos.<\/p>\n 3. O bom design \u00e9 belo.<\/strong> Rams diz que a qualidade est\u00e9tica de um produto \u00e9 essencial para sua utilidade porque os objetos que usamos no nosso dia-a-dia afetam nosso humor e bem-estar. E lembra que somente produtos muito bem executados conseguem ser lindos.<\/p>\n \n 4. O bom design faz o objeto ser intelig\u00edvel.<\/strong> Sabe aquele produto que \u00e9 auto-explicativo? A gente olha e j\u00e1 sabe como fazer, que bot\u00e3o apertar, para que lado girar, sem nem precisar olhar o manual? \u00c9 isso. Bom design.<\/p>\n 5. O bom design \u00e9 discreto.<\/strong> Rams fala que os produtos n\u00e3o s\u00e3o arte e nem objetos de decora\u00e7\u00e3o; s\u00e3o apenas ferramentas e devem se comportar como tal. Sendo discretos, os objetos bem desenhados d\u00e3o espa\u00e7o para que o usu\u00e1rio realmente se expresse, n\u00e3o interferindo na decora\u00e7\u00e3o.<\/p>\n \n 6. O bom design \u00e9 honesto.<\/strong> Isso quer dizer que o produto n\u00e3o deve parecer mais inovador, poderoso ou valioso do que realmente \u00e9. Dieter chama aten\u00e7\u00e3o para que n\u00e3o se fa\u00e7am promessas que n\u00e3o possam ser cumpridas depois.<\/p>\n 7. O bom design dura muito tempo.<\/strong> Um objeto bem constru\u00eddo nunca deve parecer antiquado ou obsoleto. Ali\u00e1s, o designer italiano Massimo Vigneli tem uma frase que acho \u00f3tima: “Obsolesc\u00eancia \u00e9 crime<\/em>“. Tamb\u00e9m acho.<\/p>\n \n 8. O bom design \u00e9 detalhista.<\/strong> Nada deve ser arbitr\u00e1rio num projeto, tudo deve ser tratado com o cuidado e acuracidade; isso, declara Rams, nada mais \u00e9 do que uma demonstra\u00e7\u00e3o de respeito pelo consumidor.<\/p>\n 9. O bom design \u00e9 ecologicamente correto.<\/strong> Dieter n\u00e3o usou essa express\u00e3o, mas deixou muito clara a preocupa\u00e7\u00e3o com o ambiente muito antes disso virar moda. J\u00e1 nos anos 70 ele reconheceu que seu trabalho tamb\u00e9m podia estar contribuindo com o esgotamento do planeta (como, de resto, o trabalho de todos n\u00f3s, pois, querendo ou n\u00e3o, a gente causa impacto e usa recursos n\u00e3o-renov\u00e1veis no nosso dia-a-dia) e resolveu chamar aten\u00e7\u00e3o dos designers para a responsabilidade ambiental.<\/p>\n \n 10. O bom design \u00e9 o menos design poss\u00edvel.<\/strong> Rams ficou famoso pela frase “menos, mas melhor<\/em>” e prega a concentra\u00e7\u00e3o na ess\u00eancia, na pureza e na simplicidade.<\/p>\n Eu sei que esses princ\u00edpios j\u00e1 s\u00e3o velhos conhecidos da maioria dos designers (especialmente dos bons). Mas n\u00e3o custa nada lembrar que integridade nunca sai de moda. E salve Dieter Rams!<\/p>\n **NOTA: Obtive a maior parte das informa\u00e7\u00f5es no site da empresa Vitsoe<\/a>, nascida da uni\u00e3o do dinamarqu\u00eas Niels Vitsoe e do alem\u00e3o Otto Zapf , que se uniram para fabricar e vender estantes projetadas por Dieter Rams.<\/p>\n