![\"\"](\"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2010\/10\/reading_legend_of_the_chinese_dragon-300x175.jpg\" "\\"reading_legend_of_the_chinese_dragon\\"")
<\/a><\/p>\nRecentemente fiz uma apresenta\u00e7\u00e3o para uma empresa da \u00e1rea de confec\u00e7\u00f5es; o pessoal est\u00e1 muito preocupado, e com motivos. A concorr\u00eancia com produtos chineses (cuja qualidade vem aumentando e o pre\u00e7o caindo) \u00e9 assustadora. As empresas mais espertas j\u00e1 se deram conta de que bater de frente n\u00e3o vai adiantar, \u00e9 preciso encontrar uma solu\u00e7\u00e3o lateral.<\/p>\n
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Para os mais atentos, h\u00e1 um movimento claro no mercado no sentido de mudar a refer\u00eancia do produto para o servi\u00e7o. \u00c9 que o valor de um objeto n\u00e3o est\u00e1 mais nele mesmo; mas nos seus servi\u00e7os associados. Pense num celular; de que serve o aparelhinho mais modernoso sem uma operadora para faz\u00ea-lo funcionar? Imagine o carro mais bacanudo e baratinho, mas sem rede de assist\u00eancia t\u00e9cnica no pa\u00eds. Visualize um computador sem software que rode nele. Essas coisas tecnol\u00f3gicas todas s\u00e3o apenas lixo sem servi\u00e7os que as suportem.<\/p>\n
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Com roupas a coisa \u00e9 um pouco mais complicada. \u00c9 preciso apelar para os sentidos das pessoas e suas experi\u00eancias. Martin Lindstrom, no seu excelente “Brand Sense: sensory secrets behind the stuff we buy<\/em><\/strong>” nos conta que o \u00fanico sentido realmente explorado em quase todo o seu potencial na \u00e1rea de vendas \u00e9 o visual. Os demais, s\u00e3o todos claramente sub-utilizados, ignorando informa\u00e7\u00f5es que podem decidir a vida ou morte de uma marca. Por exemplo: voc\u00eas sabia que os beb\u00eas chegam a ter os sentidos 300% mais apurados que suas m\u00e3es? N\u00e3o \u00e9 \u00e0 toa que os nen\u00e9ns todos t\u00eam um “cheirinho”, geralmente um paninho que n\u00e3o largam. Com o crescimento, a parte visual toma conta e a gente perde o faro afinado.<\/p>\n <\/p>\n \n E o que as lojas que vendem roupas para crian\u00e7as deviam fazer? Ora, explorar esses sentidos! Que tal uma etiqueta peludinha, que s\u00f3 sua marca tem? Ou uma loja cheia de est\u00edmulos sensoriais para os pequenos? Quem sabe um biscoito ou docinho especial ganho somente na compra de um produto? Roupas com sons divertidos? Sei l\u00e1, mas com a tecnologia que temos hoje, n\u00e3o h\u00e1 justificativa para competir por pre\u00e7o como se n\u00e3o houvesse amanh\u00e3.<\/p>\n \n \n Ontem passei pelo shopping e vi uma loja especializada em biqu\u00ednis e roupas de ver\u00e3o. Luz fria e ar condicionado no m\u00e1ximo. O provador, para ser completo, deveria ter um antidepressivo na sa\u00edda, tal \u00e9 o estrago que a luz e o espelho fazem com a auto-estima da mulher incauta que se arrisca a experimentar um modelo.<\/p>\n \n \n Meodeos, h\u00e1 coisa mais b\u00e1sica no mundo do que compreender que uma loja que vende biqu\u00ednis deve ser mais quente que as outras? Que deve ter cheiro de ver\u00e3o? \u00c9 t\u00e3o dif\u00edcil imaginar que toda mulher quer se ver morena e alongada no provador? Uma vez que \u00e9 de conhecimento geral que esses efeitos s\u00e3o f\u00e1ceis de se obter com uma ilumina\u00e7\u00e3o adequada (luz quente e indireta, n\u00e3o fria e direta, please<\/em>) e um espelho de qualidade, fica realmente tentador torcer para os chineses.<\/p>\n \n \n Ok, mas uma vez que a pessoa sai da loja, como continuar o processo de consolida\u00e7\u00e3o da marca, para que ela n\u00e3o seja esquecida? Lindstrom relata uma experi\u00eancia realizada com jovens consumidores de jeans nos Estados Unidos. As etiquetas de v\u00e1rios modelos foram retiradas e as cal\u00e7as todas colocadas em cima de uma mesa. Pois o \u00fanico jeans claramente identificado foi o Abercrombie<\/em>. Perguntados sobre como sabiam que aquele modelo era da marca, a resposta foi: o cheiro; \u00fanico, inesquec\u00edvel, desejado. O que me lembra, ali\u00e1s, o prazer de comprar uma sand\u00e1lia Melissa, com aquele perfume de pl\u00e1stico novo (parecido com o das bonecas novas) t\u00e3o caro \u00e0 minha gera\u00e7\u00e3o.<\/p>\n \n \n A C&A rec\u00e9m inaugurou uma loja no shopping Iguatemi, em S\u00e3o Paulo, onde as clientes podem assistir a desfiles e conversar com personal stylists<\/em>; a Nespresso criou lojas pr\u00f3prias (lindas e arom\u00e1ticas) e um programa de fideliza\u00e7\u00e3o para a compra de sach\u00eas (at\u00e9 o manual da m\u00e1quina \u00e9 uma experi\u00eancia sensorial; eles cuidaram, inclusive, da textura do papel).<\/p>\n \n \n A Kellog’s chegou a contratar um laborat\u00f3rio para criar um barulhinho especial quando comemos seus sucrilhos; os clientes da Starbucks lembram-se do som da m\u00e1quina de caf\u00e9 expresso (al\u00e9m do aroma inebriante, claro); ou seja, nem tudo \u00e9 apenas o que parece. Os outros sentidos est\u00e3o sempre presentes, quer os ignoremos, quer n\u00e3o. E as marcas espertas jamais os ignoram…<\/p>\n \n \n Competir por pre\u00e7o \u00e9 suic\u00eddio para uma marca; ignorar o apelo dos sentidos e o valor da experi\u00eancia, tamb\u00e9m. Existem tantas maneiras de se tornar inesquec\u00edvel e transformar o ato de consumir em algo prazeroso e especial que n\u00e3o d\u00e1 para entender porque tanto medo dos olhinhos puxados. Ser\u00e1 por causa do drag\u00e3o?<\/p>\n \n \n \n \n