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11-06-2007<\/strong> Dia desses, numa palestra, dei-me conta de um fen\u00f4meno que at\u00e9 ent\u00e3o n\u00e3o tinha observado. Ultimamente, nas aulas, cursos e palestras que tenho proferido ou assistido, muitas pessoas madrugam para escolher e reservar lugares. E isso n\u00e3o acontece porque tenham um interesse insano pelo assunto em quest\u00e3o e anseiam por sorver cada palavra que ser\u00e1 dita no recinto. Acredite voc\u00ea ou n\u00e3o, elas simplesmente chegam antes para se sentarem perto das tomadas. Para quem vive dependurado em laptops, celulares e outros apetrechos famintos por Amp\u00e8res, posicionar-se ao lado das escassas fontes de alimenta\u00e7\u00e3o nesses ambientes \u00e9 uma quest\u00e3o vital. J\u00e1 comecei a observar comportamento semelhante em aeroportos e restaurantes, onde recentemente presenciei uma discuss\u00e3o surreal entre dois executivos descontrolados que quase ca\u00edram no bra\u00e7o por causa de uma inocente tomada.<\/p>\n

Essa ca\u00e7a \u00e0s tomadas me fez lembrar de uma entrevista de emprego que fiz numa grande multinacional que fabricava cabos para redes de computadores. Perguntei ao meu poss\u00edvel futuro chefe se eles j\u00e1 estavam pensando uma estrat\u00e9gia para a tecnologia de transmiss\u00e3o de dados sem fio (wireless<\/em>) que come\u00e7ava a despontar. O cara enrolou, disse que isso era fic\u00e7\u00e3o, mudou de assunto e deixou evidente que nunca tinha pensado a respeito. Achei uma tremenda furada trabalhar num lugar assim e, apesar deles terem me escolhido, recusei a vaga porque achei que um sujeito t\u00e3o alheio n\u00e3o teria uma boa influ\u00eancia sobre a minha carreira. Passados dez anos, as tecnologias Wi-Fi<\/em> e BlueTooth<\/em> s\u00e3o itens de s\u00e9rie de boa parte dos computadores e perif\u00e9ricos, fico me perguntando onde ser\u00e1 que o sr. Enrolado e sua equipe est\u00e3o vendendo cabos de rede a essa hora.<\/p>\n

Folheando a Veja dessa semana, deparei-me com uma not\u00edcia alvissareira: o pessoal do MIT (Massachussets Institute of Technology<\/em>) est\u00e1 desenvolvendo uma tecnologia que dispensa fios para a transmiss\u00e3o de energia el\u00e9trica, com o bem sacado nome de WiTricity<\/strong>. Na verdade, eles est\u00e3o estudando meios de ampliar a dist\u00e2ncia entre a fonte de energia e o receptor, pois tal recurso j\u00e1 existe e eu nem tinha reparado. Nas atuais escovas de dentes el\u00e9tricas j\u00e1 rola uma energia entre o carregador da bateria e o corpo da escova, que n\u00e3o se tocam. Isso s\u00f3 n\u00e3o \u00e9 usado para tudo porque existe uma limita\u00e7\u00e3o de dist\u00e2ncia (apesar de n\u00e3o se tocarem, os contatos devem estar pr\u00f3ximos). A WiTricity pretende resolver isso e, finalmente, promover a extin\u00e7\u00e3o daquela macarronada de fios e extens\u00f5es nas casas e nos escrit\u00f3rios. As pessoas n\u00e3o mais trope\u00e7ar\u00e3o nos cabos, as crian\u00e7as n\u00e3o levar\u00e3o mais choques enfiando os dedinhos nas tomadas, e ser\u00e1 o fim dos benjamins. O crit\u00e9rio de escolha de lugar em um audit\u00f3rio ou restaurante voltar\u00e1 a se dar em fun\u00e7\u00e3o da vista, e n\u00e3o da proximidade de tomadas.<\/p>\n

Est\u00e1 claro que essa nova tecnologia vai provocar um verdadeiro choque no design de eletrodom\u00e9sticos e na arquitetura de interiores. Seria bom os designers come\u00e7arem a pensar em novas possibilidades para a Witricity, n\u00e3o s\u00f3 do ponto de vista dos equipamentos, mas tamb\u00e9m dos espelhos das futuras tomadas.<\/p>\n

Conv\u00e9m ficar ligado nessas coisas, pois, desde pequeno, a gente aprende que com eletricidade n\u00e3o se brinca!<\/p>\n

L\u00edgia Fascioni
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