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{"id":7440,"date":"2007-08-01T15:14:43","date_gmt":"2007-08-01T15:14:43","guid":{"rendered":"http:\/\/ligiafascioni.wordpress.com\/2007\/08\/01\/silencio-na-festa\/"},"modified":"2007-08-01T15:14:43","modified_gmt":"2007-08-01T15:14:43","slug":"silencio-na-festa","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/silencio-na-festa\/","title":{"rendered":"Sil\u00eancio na festa"},"content":{"rendered":"

\"haroldo\"<\/a><\/p>\n

Sendo uma pessoa predominantemente visual, tenho certa facilidade em me desligar dos ru\u00eddos do mundo. Poucos barulhos me atrapalham, principalmente se tenho alguma coisa interessante para ver, ler, observar ou contemplar. Isso n\u00e3o significa que eu despreze as boas m\u00fasicas, o ronronar de gatinhos, o vento nas folhas, as ondas quebrando, os assobios bem executados, as palmas, os passarinhos inspirados e outros barulhinhos bons que sonorizam a vida da gente.<\/p>\n

\u00c9 claro que nem toda a concentra\u00e7\u00e3o visual do mundo consegue fazer desaparecer as rabugices de crian\u00e7as malcriadas, furadeiras no apartamento de cima, cachorros latindo ou ve\u00edculos com o escapamento deteriorado, mas, em geral, n\u00e3o chego a me incomodar de verdade.<\/p>\n

E veja: ru\u00eddos, \u00e0s vezes, podem servir de companhia para quem se sente s\u00f3. N\u00e3o raro ou\u00e7o gente dizer que deixa a televis\u00e3o ligada para \u201cfazer um barulho de fundo\u201d quando est\u00e1 sozinho, ainda que seja domingo e esteja passando Faust\u00e3o. Eu mesma prefiro trabalhar com o r\u00e1dio ligado e, dependendo da m\u00fasica, paro tudo s\u00f3 para ficar ouvindo.<\/p>\n

Bem, mas nem todo mundo \u00e9 assim. Pessoas com t\u00edmpanos mais sens\u00edveis sofrem muito com esse mund\u00e3o barulhento. Meu marido se recusa a freq\u00fcentar restaurantes que insistem em manter televis\u00f5es ligadas a todo volume (que ningu\u00e9m assiste). Pessoas com forma\u00e7\u00e3o musical s\u00e3o menos tolerantes a obras de constru\u00e7\u00e3o civil na vizinhan\u00e7a ou telefones celulares tocando descontroladamente. Tenho amigos que se incomodam com o tom de voz ou o sotaque do extrovertido contador de hist\u00f3rias da mesa ao lado no bar. E, claro, desconhe\u00e7o quem consiga dormir com choro de nen\u00e9m.<\/p>\n

Pois bem, esses ouvidos doloridos resolveram finalmente se organizar para mudar a situa\u00e7\u00e3o. Soube pela newsletter Onne-a-day<\/strong><\/a> que dois artistas novaiorquinos cansados de n\u00e3o conseguirem um lugar para conversar em p\u00fablico por causa do barulho, bolaram uma solu\u00e7\u00e3o muito original: \u00e9 a Quiet Party<\/strong><\/a>.<\/p>\n

A festa \u00e9 original porque, ao contr\u00e1rio de tudo o que a gente j\u00e1 viu (e ouviu), n\u00e3o rola som nenhum. Ali\u00e1s, nenhum mesmo, j\u00e1 que as pessoas s\u00e3o proibidas de falar e usar celulares. A comunica\u00e7\u00e3o toda flui por meio de bilhetinhos (convencionais mesmo, com l\u00e1pis e papel \u2013 SMS tamb\u00e9m n\u00e3o vale). Voc\u00ea pensa que a festa \u00e9 chata? Os organizadores dizem que \u00e9 divertid\u00edssimo, pois voc\u00ea consegue reviver aqueles tempos em que ficava mandando bilhetinhos para os colegas nas aulas chatas (eu tinha mania de fazer caricaturas dos professores com coment\u00e1rios maldosos, confesso). Como risadinhas e olhares marotos est\u00e3o liberados, ningu\u00e9m sai de l\u00e1 chateado.<\/p>\n

Olha, n\u00e3o \u00e9 uma coisa para se fazer todo dia, mas eu tinha vontade de ir num lugar assim. No m\u00ednimo, haveria efeitos colaterais interessantes: voc\u00ea aprenderia a ouvir a si mesmo, a observar mais as pessoas, e, veja s\u00f3, poderia reaprender a escrever a m\u00e3o. Penso mesmo que poetas enrustidos poderiam se revelar, desenhistas talentosos, por\u00e9m t\u00edmidos, finalmente fariam sucesso na balada, canhotos teriam um charme a mais e finalmente eu poderia usar todas as canetas coloridas que coleciono.<\/p>\n

Trocar o auditivo pelo visual, pelo menos um dia poderia ser divertido. Mas s\u00f3 um dia, afinal, poucas coisas s\u00e3o t\u00e3o empolgantes para se fazer em uma festa como dan\u00e7ar. E, para isso, \u00e9 preciso m\u00fasica, de prefer\u00eancia num volume bem alto.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Uma festa como voc\u00ea nunca ouviu.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":20754,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,46,23,50,24,25],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7440"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=7440"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7440\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=7440"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=7440"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=7440"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}