Voc\u00ea \u00e9 dessas pessoas que adora uma roupa colorida ou prefere a seguran\u00e7a do pretinho b\u00e1sico? E o que o design tem a ver com esse papo? Leia a minha coluna dessa semana no AcontecendoAqui<\/strong><\/a> e entre na discuss\u00e3o!<\/p>\n

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GENTE COLORIDA<\/strong><\/p>\n

01-10-2007<\/strong> Admiro o trabalho da fil\u00f3sofa M\u00e1rcia Tiburi<\/strong> h\u00e1 anos, desde que comecei a assistir \u00e0s suas palestras no programa Caf\u00e9 Filos\u00f3fico<\/strong>, da TV Cultura. Por isso, fiquei muito feliz quando ela passou a integrar o time de damas do Saia Justa<\/strong>, da GNT. Infelizmente, n\u00e3o assisto ao programa tanto quanto gostaria (n\u00e3o tenho TV a cabo), mas toda vez que me hospedo em um hotel com esse recurso, n\u00e3o deixo de acompanhar o papo da mulherada.<\/p>\n

Recentemente, o shopping Iguatemi promoveu no seu v\u00e3o central um Saia Justa ao vivo<\/strong> aqui em Florian\u00f3polis, e n\u00e3o pude deixar de assistir. Gostei de tudo, mas fui para casa com uma frase da M\u00e1rcia na cabe\u00e7a. Falando sobre compras, moda e roupas, ela declarou que h\u00e1 anos se veste de preto<\/strong> porque para usar outras cores \u00e9 preciso escolher, combinar, harmonizar. Tem que pensar muito, tomar decis\u00f5es dif\u00edceis. Ela acha que usar roupa colorida n\u00e3o \u00e9 para qualquer um<\/strong>. Est\u00e1 certa a mo\u00e7a.<\/p>\n

Escolher preto \u00e9 confort\u00e1vel, pois desconhe\u00e7o uma mulher que n\u00e3o fique bem com essa cor (ou n\u00e3o-cor, como queiram). Preto n\u00e3o deixa aparecer sujeira, \u00e9 pr\u00e1tico, elegante, afina a silhueta e d\u00e1 um ar de discri\u00e7\u00e3o misteriosa, principalmente se a bela em quest\u00e3o caprichar na maquiagem.<\/p>\n

Mas ser\u00e1 que vale a pena apelar para a monocromia em nome do conforto e da eleg\u00e2ncia f\u00e1cil? N\u00e3o estar\u00edamos abrindo m\u00e3o de uma ferramenta de express\u00e3o importante para a nossa sa\u00fade mental? Uso bastante preto pelos motivos expostos acima, mas n\u00e3o consigo me imaginar assim numa linda manh\u00e3 ensolarada de ver\u00e3o ou numa gloriosa tarde de primavera. Penso ser necess\u00e1rio estar em sintonia com o universo, e as cores s\u00e3o muito poderosas para traduzir bem nosso estado de esp\u00edrito e essa comunh\u00e3o com o ambiente.<\/p>\n

Essas quest\u00f5es me lembraram do trabalho do su\u00ed\u00e7o Johannes Itten<\/strong>, professor de Teoria da Cor da antol\u00f3gica Bauhaus<\/strong>, uma das primeiras e mais importantes escolas de Design do mundo.<\/p>\n

Itten acreditava que as prefer\u00eancias pessoais pelas cores revelavam n\u00e3o apenas o gosto subjetivo da pessoa, mas tamb\u00e9m muito de seu temperamento e das suas limita\u00e7\u00f5es. Entender mais sobre as cores prediletas era, para ele, um importante exerc\u00edcio de auto-conhecimento. Essas associa\u00e7\u00f5es pessoais entre cores harm\u00f4nicas diferentes para cada indiv\u00edduo sofrem tamb\u00e9m influ\u00eancias culturais, sociais, conscientes e inconscientes.<\/p>\n

Anos depois do trabalho de Itten, pesquisadores de psicologia conseguiram relacionar a escolha das cores com estados emocionais e com a estrutura da personalidade. Os estudos foram t\u00e3o bem sucedidos que alguns pa\u00edses utilizam testes de prefer\u00eancias crom\u00e1ticas como auxiliares nos diagn\u00f3sticos cl\u00ednicos dos pacientes.<\/p>\n

Em suas pesquisas, Itten descobriu que os talentos das pessoas s\u00e3o bem traduzidos pelas cores de sua prefer\u00eancia. O pesquisador separou duas caracter\u00edsticas distintas que as cores t\u00eam. A primeira \u00e9 o agente crom\u00e1tico<\/strong>, que refere-se \u00e0 constitui\u00e7\u00e3o do pigmento, sua realidade f\u00edsico-qu\u00edmica. A segunda \u00e9 o efeito crom\u00e1tico<\/strong>, que traduz o impacto que a cor tem sobre n\u00f3s, a realidade psicofisiol\u00f3gica da nossa percep\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Levei um tempo para gostar de azul claro porque um dia, quando crian\u00e7a, ouvi a minha m\u00e3e comentar que era cor de cemit\u00e9rio. Tem quem n\u00e3o goste de vermelho porque esse tom traz lembran\u00e7as desagrad\u00e1veis sobre alguma fase da vida. Nossa hist\u00f3ria \u00e9 completamente colorida, n\u00e3o h\u00e1 como negar a presen\u00e7a marcante das cores em cada cena. Assim, o c\u00e9rebro de algu\u00e9m tem motivos para preferir usar azul com detalhes vermelhos, enquanto outra pessoa jura que azul s\u00f3 combina mesmo \u00e9 com marrom. Isso sem contar que o tom de pele e cabelo tamb\u00e9m precisam ser levados em considera\u00e7\u00e3o se estamos falando de roupas. \u00c9 complicado, trabalhoso, e, como diz a nossa fil\u00f3sofa, tem que pensar muito.<\/p>\n

Itten j\u00e1 dizia, em 1961, que \u201cas pessoas juntam cores complementares ou combina\u00e7\u00f5es que est\u00e3o na moda em vez de refletirem-se a si mesmas<\/em>\u201d. Outras gentes, como a M\u00e1rcia, elegem uniformes pessoais que as liberam de buscar a dif\u00edcil sintonia entre a roupa e o humor do dia.<\/p>\n

Por tudo isso, o estudo das cores deve ser um exerc\u00edcio divertido e revelador para os designers, uma vez que s\u00f3 a pr\u00e1tica constr\u00f3i a excel\u00eancia. Descobrir e analisar suas pr\u00f3prias predile\u00e7\u00f5es deveriam ser itens obrigat\u00f3rios na forma\u00e7\u00e3o de um bom profissional da \u00e1rea.<\/p>\n

Penso que, conhecendo-se melhor do ponto de vista crom\u00e1tico, os designers saberiam disting\u00fcir melhor suas prefer\u00eancias das dos seus clientes, e, principalmente, estariam mais preparados para eleger os tons mais adequados a cada projeto, independente do seu gosto ou o do cliente, posto que, muito al\u00e9m das combina\u00e7\u00f5es pessoais, h\u00e1 que se considerar estudos sobre psicodin\u00e2mica das cores e outros aspectos mais objetivos, essenciais para uma composi\u00e7\u00e3o competente.<\/p>\n

Designers, s\u00e3o por defini\u00e7\u00e3o, pessoas coloridas. Uniformes monocrom\u00e1ticos s\u00e3o perfeitamente aceit\u00e1veis e convenientes para qualquer outro profissional. Por\u00e9m, na minha opini\u00e3o, designers que s\u00f3 andam de preto nada mais s\u00e3o do que uns grandess\u00edssimos pregui\u00e7osos\u2026<\/strong><\/p>\n

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Quer saber mais? Leia A cor no processo criativo: um estudo sobre a Bauhaus e a teoria de Goethe<\/strong><\/em>, de Lilian Barros e A psicodin\u00e2mica das cores na comunica\u00e7\u00e3o<\/em><\/strong>, de Modesto Farina.<\/p>\n

L\u00edgia Fascioni
\nwww.ligiafascioni.com.br<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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