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{"id":7478,"date":"2007-11-07T20:00:59","date_gmt":"2007-11-07T20:00:59","guid":{"rendered":"http:\/\/ligiafascioni.wordpress.com\/2007\/11\/07\/nos-podemos\/"},"modified":"2007-11-07T20:00:59","modified_gmt":"2007-11-07T20:00:59","slug":"nos-podemos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/nos-podemos\/","title":{"rendered":"N\u00f3s podemos!"},"content":{"rendered":"

\"wecandoit.jpg\"<\/p>\n

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Dia desses dias recebi um e-mail de uma mo\u00e7a que parecia muito desencantada, a Mariana. Ela estuda engenharia em Minas e est\u00e1 sofrendo muito com o preconceito de colegas e professores. N\u00e3o consegue se enturmar, e, em pleno s\u00e9culo XXI ainda tem que estudar muito mais que os colegas para ser tratada como igual. N\u00e3o \u00e9 a primeira vez que recebo uma mensagem assim, e pensei que compartilhar um pouco da minha experi\u00eancia poderia ser \u00fatil para algu\u00e9m que esteja vivendo situa\u00e7\u00f5es semelhantes (na pele da Mariana ou na de seus colegas e professores).<\/p>\n

Antes de fazer engenharia, fiz o segundo grau em uma Escola T\u00e9cnica que serviu bastante para me aclimatar, j\u00e1 que sempre houve poucas meninas por l\u00e1. Na lista dos aprovados no vestibular em Engenharia El\u00e9trica de 1984, eu era a \u00fanica mulher.<\/p>\n

Alguns professores declararam guerra abertamente logo no come\u00e7o, perguntando, em tom de show de calouros, por que eu n\u00e3o estava matriculada num curso de corte e costura. Outro chegou a se oferecer para trancar a minha matr\u00edcula fora do prazo, j\u00e1 que eu iria reprovar na disciplina dele, que era muito dif\u00edcil (valeu a pena me matar de estudar; dos 50 alunos, s\u00f3 passaram 15 e eu estava na lista). Havia tamb\u00e9m um que usava o meu peso e altura para calcular todos os problemas de f\u00edsica. N\u00e3o passavam de meninos crescidos e inseguros, coitados.<\/p>\n

Al\u00e9m dos professores, havia tamb\u00e9m alguns colegas que nunca se conformaram com as minhas boas notas. Apesar de me verem todos os finais de semana na biblioteca e copiarem as minhas listas de exerc\u00edcios (isso quando n\u00e3o pediam cola), muitos gostavam de espalhar boatos maldosos. J\u00e1 d\u00e1 para imaginar: se eu passei, \u00e9 porque rolou alguma coisa com o professor. Eu nunca me importei muito com isso, mas uma vez fiquei com meus brios seriamente feridos. Porque havia tirado uma das melhores notas da turma (um sofrido 6,4), circulou um rumor de que eu tinha passado um final de semana inteiro em uma ilha deserta com o professor (que, j\u00e1 mais para l\u00e1 do que para c\u00e1, devia adorar esses coment\u00e1rios, achando-se o garanh\u00e3o da vez). Que fossem t\u00e3o criativos a respeito da minha vida particular eu at\u00e9 engolia, mas 6,4 por um final de semana inteirinho de proezas dignas da Bruna Surfistinha? \u00c9 muito ofensivo que algu\u00e9m tenha acreditado nisso! Mulher nenhuma merece uma nota dessas\u2026<\/p>\n

Atuante no centro acad\u00eamico e editora do jornal do curso, acabei recebendo, na cerim\u00f4nia de formatura, o Pr\u00eamio Lideran\u00e7a e Participa\u00e7\u00e3o oferecido pelo Sindicato dos Engenheiros. Apesar disso, meus colegas n\u00e3o aceitaram que eu fosse a oradora da turma, justificando que eles tinham vergonha que uma mulher estivesse nessa posi\u00e7\u00e3o com o fraco argumento de que seus pais estariam l\u00e1 para v\u00ea-los. E voc\u00ea achava que infantilidade tinha limites…<\/p>\n

A teoria largamente defendida pelos meus nobres colegas de que mulher que faz engenharia vira, no m\u00e1ximo, professora, caiu por \u00e1gua abaixo logo na segunda semana depois do baile, quando consegui meu primeiro emprego. Um curr\u00edculo cheio de est\u00e1gios me permitiu iniciar uma promissora carreira de programadora de rob\u00f4s.<\/p>\n

Ali\u00e1s, esse cap\u00edtulo \u00e9 interessante. Fui contratada porque j\u00e1 tinha alguma experi\u00eancia, mas vi preocupa\u00e7\u00e3o nos olhos do meu chefe antes de fazer a primeira viagem. Ele n\u00e3o queria que eu fosse (apesar de ter sido contratada para isso) alegando que o lugar era sujo e barulhento. Era mesmo, mas eu adorei!<\/p>\n

Essa foi uma \u00e9poca de desafios, onde meu trabalho consistia em implementar softwares em rob\u00f4s lineares e m\u00e1quinas automatizadas em v\u00e1rios lugares do pa\u00eds. Com rec\u00e9m-completados 23 anos, ainda n\u00e3o tinha muita no\u00e7\u00e3o de como a roupa poderia contribuir ou detonar a credibilidade profissional de algu\u00e9m. As cal\u00e7as jeans e o rabo-de-cavalo certamente pesavam no olhar desconfiado do qual eu era alvo quando entrava nas f\u00e1bricas. Lembro de situa\u00e7\u00f5es de crise em que eu me concentrava ao m\u00e1ximo para n\u00e3o piscar a fim de impedir que ca\u00edsse alguma l\u00e1grima, apesar de ter presenciado homens perderem o controle por seus erros quando a linha de produ\u00e7\u00e3o parava e os funcion\u00e1rios tinham que ficar esperando para recome\u00e7ar o trabalho. A minha t\u00e1tica para conquistar os t\u00e9cnicos mais c\u00e9ticos e resistentes era desmontar o computador do rob\u00f4 e explicar pacientemente o funcionamento de cada pe\u00e7a, bem como o significado de cada linha de programa com o melhor dos meus sorrisos. Cedo descobri que isso era infinitamente mais eficiente do que cara feia ou discursos inflamados. Conquistei o respeito de muita gente boa desse jeito, inclusive porque precisava de volunt\u00e1rios para guardar a porta do banheiro (n\u00e3o havia sanit\u00e1rios femininos nos lugares que freq\u00fcentei nessa \u00e9poca).<\/p>\n

Como quase toda mulher, \u00e9 claro que recebi cantadas de clientes, mas nada que uma cara de burra distra\u00edda n\u00e3o resolvesse (\u00e9 preciso providenciar sempre uma sa\u00edda honrosa em situa\u00e7\u00f5es delicadas \u2013 guerra aberta n\u00e3o traz benef\u00edcios a ningu\u00e9m e sempre fui p\u00e9ssima de briga). Hoje, por ser mais madura e tamb\u00e9m por ter mudado de carreira, n\u00e3o enfrento tantos problemas (de certa forma, antes era mais emocionante).<\/p>\n

De tudo, o que ficou, e que eu gostaria de dizer para as muitas Marianas \u00e9 que as pessoas reagem de diferentes maneiras ao novo. E a rea\u00e7\u00e3o delas vai depender muito da nossa atitude. Muitas vezes, vi nos olhos dos colegas a d\u00favida sobre o que fazer agora, j\u00e1 que eu n\u00e3o tinha apelado para o pr\u00e1tico e previs\u00edvel discurso de coitadinha injusti\u00e7ada. Contra o bom-humor e a compet\u00eancia ningu\u00e9m pode<\/strong>. For\u00e7a, Mariana!<\/p>\n

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  Dia desses dias recebi um e-mail de uma mo\u00e7a que parecia muito desencantada, a Mariana. Ela estuda engenharia em Minas e est\u00e1 sofrendo muito com o preconceito de colegas e professores. N\u00e3o consegue se enturmar, e, em pleno s\u00e9culo XXI ainda tem que estudar muito mais que os colegas para ser tratada como igual. […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":9878,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,35],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7478"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=7478"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7478\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=7478"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=7478"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=7478"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}