Que o design est\u00e1 na boca do povo, todo mundo sabe. Mas e a gest\u00e3o do design? Voc\u00ea j\u00e1 ouviu falar? N\u00e3o? Ent\u00e3o trate de ler a minha coluna dessa semana rapidinho, pois a sua empresa est\u00e1 correndo perigo…<\/p>\n
ESSA TAL DE GEST\u00c3O DO DESIGN…<\/strong><\/p>\n Se voc\u00ea nunca ouviu (ou leu) a express\u00e3o “gest\u00e3o do design”, prepare-se para esbarrar nela freq\u00fcentemente nos pr\u00f3ximos anos. \u00c9 que, segundo o fil\u00f3sofo alem\u00e3o Wolfgang Welsch, “assim como o s\u00e9culo XX foi o s\u00e9culo da arte, o s\u00e9culo XXI ser\u00e1 o s\u00e9culo do design<\/strong>“.<\/p>\n A express\u00e3o foi usada pela primeira vez em 1965, quando o governo brit\u00e2nico instituiu uma premia\u00e7\u00e3o para empresas que aplicassem uma abordagem integrada para as atividades de design<\/strong> de maneira a contribuir com a qualidade e fosse percebida por todo mundo. Como o pr\u00eamio se chamava Presidential Awards for Design Management<\/strong><\/em>, a defini\u00e7\u00e3o ficou valendo. Uma coisa que eu nunca entendi \u00e9 o nome “presidential<\/em>” num pa\u00eds parlamentarista como a Inglaterra (provavelmente o presidencial em quest\u00e3o era relativo \u00e0s sociedades promotoras, a Britains\u00b4s Royal Society of Arts<\/em> e o UK\u00b4s Design Council<\/em>).<\/p>\n Aos poucos, com a populariza\u00e7\u00e3o nas corpora\u00e7\u00f5es, a gest\u00e3o do design passou tamb\u00e9m a denominar um instrumento que auxilia os gestores da empresa a trabalharem com a abordagem de resolu\u00e7\u00e3o de problemas pr\u00f3pria do design: valorizar o projeto, o conceito e a est\u00e9tica<\/strong>. Em outras palavras, trata-se de inserir a cultura do design na empresa e descobrir como essa ferramenta pode torn\u00e1-la mais competitiva.<\/p>\n Tudo bem, mas como \u00e9 que isso funciona na pr\u00e1tica? Como \u00e9 que o design pode ajudar a empresa a se diferenciar no mercado? Aha, voc\u00ea deve estar pensando em marcas inovadoras ou linhas arrojadas. Beleza, essa \u00e9 a parte que mais aparece, mas tem um problema. O primeiro \u00e9 que linhas arrojadas (seja l\u00e1 o que isso for), n\u00e3o se aplicam a qualquer empresa. Em segundo, gest\u00e3o do design \u00e9 muito mais que isso.<\/p>\n A gest\u00e3o do design trata justamente de acabar com a hist\u00f3ria de contratar designers pontualmente, somente para desenvolver uma marca gr\u00e1fica ou para fazer caixinhas quando o produto j\u00e1 est\u00e1 pronto. A id\u00e9ia \u00e9 fazer um diagn\u00f3stico e propor inser\u00e7\u00f5es estrat\u00e9gicas do design em todas as \u00e1reas, atividades, processos, produtos, conceitos, cultura e no que mais for poss\u00edvel. Inocular o design no sangue corporativo, \u00e9 isso!<\/p>\n Vamos aos exemplos: o design pode auxiliar a encontrar melhores solu\u00e7\u00f5es para o ambiente de trabalho\/produ\u00e7\u00e3o e\/ou atendimento a clientes com o objetivo de criar o clima psicol\u00f3gico desejado, melhorar o fluxo de circula\u00e7\u00e3o de materiais e de pessoas, sinalizar corretamente os espa\u00e7os, comunicar a filosofia da empresa e reduzir custos (com o aproveitamento de ilumina\u00e7\u00e3o natural, a escolha adequada de m\u00f3veis, etc). J\u00e1 d\u00e1 para perceber que pode-se aplicar os conceitos tanto em uma papelaria, como em um restaurante a quilo. Mas tamb\u00e9m serve para uma multinacional de petr\u00f3leo ou uma empresa de consultoria.<\/p>\n Legal, mas vale lembrar que tudo isso tem que estar consonante com a comunica\u00e7\u00e3o da identidade corporativa, desde a marca gr\u00e1fica que deve traduzir com compet\u00eancia os atributos essenciais em todas as aplica\u00e7\u00f5es, passando pelo layout da papelaria, as pr\u00e1ticas de atendimento e estrutura da informa\u00e7\u00e3o, o website adequado e funcional, as embalagens sintonizadas com a filosofia da empresa, as apresenta\u00e7\u00f5es institucionais, e tudo o mais que se possa lembrar. Onde voc\u00ea quiser, d\u00e1 para encaixar design.<\/p>\n E tem mais: o design pode (e deve) nortear todo o desenvolvimento de novos produtos na empresa, desde o per\u00edodo embrion\u00e1rio at\u00e9 o ciclo de vida ser completado com o descarte. A escolha de materiais, a tradu\u00e7\u00e3o do posicionamento da empresa, as t\u00e9cnicas de fabrica\u00e7\u00e3o, o comportamento do consumidor, as funcionalidades, as inova\u00e7\u00f5es, as informa\u00e7\u00f5es. Tudo tem que ter dedo de designer, se a empresa quer entrar para valer na competi\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Legal, n\u00e9? S\u00f3 n\u00e3o consigo entender porque \u00e9 que isso nem sequer \u00e9 citado nas faculdades de administra\u00e7\u00e3o, para ficar s\u00f3 no pessoal diretamente interessado nos resultados. E tem uma coisa pior: as faculdades de design formam designers gr\u00e1ficos, designers de produtos, designers de moda, webdesigners e outros que tais. Mas quem integra tudo isso numa empresa? Quem faz a gest\u00e3o estrat\u00e9gica do design? Onde se formam os gestores de design? Que eu saiba, no Brasil s\u00f3 h\u00e1 cursos de p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o na \u00e1rea. Mas o pessoal que sai da faculdade acaba entrando no mercado sem muita no\u00e7\u00e3o de gest\u00e3o. Resultado: designers se acham incompreendidos e gestores se sentem irritados.<\/p>\n Pois \u00e9, minha gente. O grande desafio agora \u00e9 formar muitos e excelentes gestores do design e contar ao empresariado sobre a exist\u00eancia e a import\u00e2ncia estrat\u00e9gica desses profissionais.<\/p>\n A coisa vai meio devagar, mas eu, pelo menos, estou fazendo minha parte…<\/p>\n *******<\/p>\n