Voc\u00ea conhece as origens da palavra abracadabra? E o que isso tem a ver com viagens de moto? Leia a minha coluna dessa semana e descubra!<\/p>\n

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\nABRACADABRA! <\/strong><\/p>\n

19-12-2007 Sabe quando a gente v\u00ea o pessoal das escolas de samba falar na televis\u00e3o que trabalha duro o ano inteiro s\u00f3 para viver o momento do desfile? Eu sempre achei isso meio esquisito, at\u00e9 um pouco insano, mas agora come\u00e7o a entender o que eles querem dizer. N\u00e3o que eu tenha sucumbido aos encantos do carnaval. \u00c9 que passo os meses todos sonhando com a pr\u00f3xima viagem de moto.<\/p>\n

H\u00e1 cinco anos meu marido e eu dedicamos parte de dezembro e janeiro a explorar fatias do peda\u00e7o sul de nosso continente. Vamos sempre de moto, \u00e0s vezes s\u00f3s, \u00e0s vezes com amigos. Neste ano vamos s\u00f3 n\u00f3s dois at\u00e9 o norte do Chile, passando pelo deserto de Atacama. J\u00e1 cruzei algumas vezes a Cordilheira dos Andes por diferentes caminhos, sempre como garupa, mas agora vou pilotando. Quase 5 mil metros de altitude. Tem jeito mais legal de chegar perto do c\u00e9u?<\/p>\n

N\u00e3o se pode chamar de aventura<\/strong>, posto que a palavra tem origem nas coisas trazidas pelo vento<\/strong>, sobre as quais n\u00e3o se tem controle. E controle \u00e9 tudo o que a gente precisa no meio do deserto, assim como planejamento e um pouco de disciplina tamb\u00e9m. Pode-se rodar horas sem cruzar com algu\u00e9m na estrada \u2014 o sil\u00eancio e a paisagem embriagam. Ser\u00e3o tr\u00eas semanas de amn\u00e9sia programada. Quando a gente volta, precisa praticamente reaprender o pr\u00f3prio nome. \u00c9 como nascer de novo!<\/p>\n

Motos, barcos, carros, navios, avi\u00f5es, camelos, bicicletas, \u00f4nibus. Cada um mostra o mundo de um jeito diferente, mas sempre vale a visita. N\u00e3o importa a dist\u00e2ncia nem o meio, o importante \u00e9 ir.<\/p>\n

Qualquer que seja o caso, um empreendimento assim vale cursos inteiros. Mostra nossa pequenez e nossa ignor\u00e2ncia de uma maneira t\u00e3o direta, mas tamb\u00e9m t\u00e3o deliciosa, que chega a ser viciante. Todo dia \u00e9 uma surpresa repleta de desafios inusitados, animais desconhecidos, pessoas com h\u00e1bitos diferentes, paisagens inef\u00e1veis, sabores inesperados, cen\u00e1rios cabulosos, emo\u00e7\u00f5es bizarras. Nunca me esque\u00e7o de uma frase do Amyr Klink, o viajante mais s\u00e1bio que tive not\u00edcia : “Um homem precisa viajar para lugares que n\u00e3o conhece para quebrar essa arrog\u00e2ncia que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e n\u00e3o simplesmente como \u00e9 ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que n\u00e3o vimos, quando dever\u00edamos ser alunos e simplesmente ir ver.<\/em>”<\/p>\n

Nosso pr\u00f3ximo destino, no ano que vem, \u00e9 o sul do Chile, pois queremos ver as geleiras antes que elas se acabem. Ch\u00e3o e querer \u00e9 o que n\u00e3o nos falta. Essas viagens marcam, para meu marido e para mim, o ciclo de transla\u00e7\u00e3o da terra que chamamos de ano, tempo que a gente leva para se refazer e come\u00e7ar de novo.<\/p>\n

E quer saber de uma coisa interessante? Os gn\u00f3sticos hel\u00eanicos usavam a palavra abracadabra<\/strong> para denominar um talism\u00e3 que representava o curso do sol durante 365 dias. Emblem\u00e1tico, n\u00e3o \u00e9? A mesma palavra m\u00e1gica usada nos contos \u00e1rabes para abrir portas dif\u00edceis que guardavam tesouros. Os s\u00edrios, mais tarde, atribu\u00edram ao nome poderes especiais de cura. E como se n\u00e3o faltasse mais nada, abracadabra tamb\u00e9m significa “Que Deus proteja<\/strong>“.<\/p>\n

Os anos que iniciam s\u00e3o sempre m\u00e1gicos, misteriosos, cheios de portas, segredos e surpresas. Cabe a cada um de n\u00f3s decidir o uso que faremos da nossa abracadabra…<\/p>\n

Por ora, hasta la vista!<\/p>\n

L\u00edgia Fascioni | www.ligiafascioni.com.br<\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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