O veneno do Caracol

Não me lembro mais onde vi (em alguma rede social), uma pessoa recomendando muito “O veneno do Caracol”, de Renata Marinho. A autora, inclusive, ganhou um concurso literário com essa obra. Então lá fui eu pedir para a Valéria Jansen, do Clube do Livro de Münster, trazer um exemplar para mim.

O livro é realmente bem escrito e a trama, bem construída. 

Conta a história de Alice, filha de Adelaide, uma mãe narcisista. 

Adelaide tem empresas na área do agronegócio e é uma pessoa sem escrúpulos, totalmente focada no lucro a qualquer preço. No começo achei a mulher bem caricata (aquele tipo que humilha todo mundo para mostrar poder e se envolve em tudo quanto é tipo de negociata); mas depois lembrei que existe gente assim de verdade no mundo, e não é pouca.

Alice, filha única, abandonada pelo pai na pré-adolescência, vive à sombra dessa mãe impossível. A mãe quer alta performance da filha, quer que estude economia ou administração para segui-la nos negócios, enfim, esse povo que tem filhos para satisfazer o ego.

A moça vai vivendo meio apática até que conhece Diego, um colega da empresa; os dois se apaixonam e vivem um romance que acaba inexplicavelmente 8 meses depois, quando o moço se muda para a Austrália. 

Estamos no ponto onde Alice vai estudar psicologia para entender o que está acontecendo e, de vez em quando, conversa com sua amiga Tessália, mulher equilibrada (apesar das duas terem a mesma idade) e muito querida. 

A história toda se passa em São Paulo, onde ficam os escritórios da empresa, mas Adelaide vai participar de um evento em Gramado sobre sustentabilidade (logo ela, que acha isso tudo uma bobagem) e acaba sendo assassinada no chalé onde está hospedada. 

Quem matou Adelaide? Alice, logo depois da morte da mãe, contrata um detetive particular, não para descobrir o mandante (a polícia já está trabalhando nisso), mas para saber quem realmente era essa mulher que lhe deu a vida. 

Com isso ela descobre que não foi abandonada pelo pai (ele recebeu ameaças da mãe para sumir sem deixar rastros, pois não estava agregando à vida da menina) entre outras coisas.

Bom, é uma história de suspense, então há algumas reviravoltas e surpresas, mas, macaca velha que sou, já suspeitava do desfecho. 

Como disse, a história é bem contada e amarrada, com uma trama interessante.

Pessoalmente, não gostei dos diálogos, que são, para mim, muito novela das oito da Globo (existe isso ainda?); totalmente artificiais e sem ritmo — quase dá para ouvir atores recitando o roteiro. Mas isso é só gosto pessoal. Também achei os personagens bem clichês e previsíveis, incluindo os investigadores do caso, a amiga e as protagonistas. 

Mas não é um livro ruim não; longe disso. Recomendo sem tanto entusiasmo, mas recomendo mesmo assim; é só uma questão de alinhar as expectativas.

E esse aqui não vai ter parte dois com spoiler porque, além de ser curtinho, temos que prestigiar os autores brasileiros que estão ralando nesse mercado dificílimo! Compre aqui na Amazon do Brasil (está bem baratinho) e faça a sua parte!

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