Bem na foto

Fotografia: Daniele P.
Fotografia: Daniele P.

Nesses tempos internéticos em que a gente vive, onde as redes sociais são responsáveis por boa parte dos contatos profissionais, há que se tomar bastante cuidado com as fotos que colocamos lá. Mesmo que o sujeito faça um perfil só para a família e a “galere“, ninguém pode impedir que o seu chefe (ou futuro potencial chefe) também dê uma espiadinha. That’s it, não há o que fazer. Postou, se expôs.

Para quem trabalha com serviços, como eu, a coisa é automática: quem vai me contratar sem me conhecer pessoalmente, com certeza “dá um google” antes para formar uma opinião. Inclusive, não poucas vezes, é lá mesmo que a pessoa fica sabendo que existo. Para quem tem um emprego, a coisa não é tão diferente, afinal, se você bate ponto numa mesa de trabalho perto da máquina de café, nada garante que vai continuar tendo domínio sobre ela na semana que vem. Aí, é articular novas oportunidades profissionais — e você não vai escapar de uma “googlada“, pode ter certeza.

Muito e exaustivamente já se falou que há que se ter cuidado com o que se posta, twitta, comenta, e por aí vai. Cabeças rolam por causa de dedos descontrolados com muito mais frequência do que se imagina. Mas vejo o pessoal falar pouco das fotos, que são tão importantes quanto os textos.

Falar da inconveniência de postar fotos de bebedeiras “winehousicas” ou intimidades (ortodoxas ou não) chega a ser tão óbvio que vou me abster; quem faz esse tipo de coisa certamente não lê essa coluna.

Estou falando daquela foto que apresenta você a desconhecidos; a foto do seu perfil. Aquela que vem junto para apresentar alguém que quer seu seu amigo no Facebook ou no LinkedIn, por exemplo.

Esses dias recebi um convite de uma pessoa que parecia tão mal humorada que fiquei até com medo. Tem muita gente com cara de bronca e poucos amigos, pode reparar. Como é que isso pode depor a favor da pessoa? Se alguém se apresenta para o mundo de cara fechada assim, como será o figura no dia-a-dia? Pessoalmente, quando você é apresentado alguém, também faz essa cara de quem chupou limão?

Há quem prefira ser associado a um tórax todo trabalhado em ferro ou por alguns mililitros a mais na comissão de frente e com certeza isso conta pontos na impressão que a pessoa vai ter do tal contato.

Não chega a prejudicar em alguns ramos profissionais; mas é preciso ter consciência do impacto que a decisão de se expor assim provoca, e, principalmente refletir se a profissão que a pessoa escolheu para ganhar a vida é compatível com o que se está mostrando. Se o profissional em questão é modelo e a foto está bem feita, problema nenhum. Mas se é especialista em finanças, o currículo todo será coberto com a sombra do bombado corpitcho.

Também há quem use caricaturas ou poses engraçadas (adequadíssimo se for artista ou ilustrador; arriscado se for advogado ou juiz); quem prefira aparecer de costas (fugindo de quê?); quem opte por mostrar uma parte do corpo menos comprometedora como mãos, um olho, o pescoço (não entendo a mensagem); quem apareça com os filhos e o cônjuge (é de graça; não dá para cada um ter o seu?); de perfil (enigmático); foto de estúdio produzidíssima e photoshopada até o umbigo (artificial, é como você quer ser descrito?); foto recortada e de péssima qualidade (hoje em dia dá para tirar um montão até achar uma mais ou menos boa, não tem desculpa para esse relaxo) e até aquelas onde o sujeito aparece tão pequenininho e irreconhecível que ninguém consegue vê-lo; por fim, há os que roubam fotos de artistas famosos para representá-los (a gente fica pensando que o original deve ser um monstrenguinho).

Nossa imagem profissional é formada na mente das pessoas como se fosse um quebra-cabeças; a foto do perfil é uma pecinha importante, às vezes uma das principais que o mercado tem acesso.

Claro que a escolha é livre e de cada um. A ideia aqui é só provocar uma reflexão para que você analise e pense se a sua imagem na internê está coerente e de acordo com quem você é de verdade e com seus objetivos pessoais e profissionais.

Sair mal na foto não prejudica só na balada não. Pode queimar também seu contracheque…

7 Responses

  1. 29 setembro 2011 at 4:12 pm

    Olá Lígia! Ótimo texto (as always)
    Mas… eu acho que tudo tão relativo…
    O bom senso deveria ser básico pra todos, mas fico meio assim com estas convenções veladas que temos que seguir.
    Meio que não concordo.

    Não sei se esta imagem vai abrir (http://i234.photobucket.com/albums/ee300/alex_12/tattoo2.jpg), mas eu me sentira mais seguro sendo tratado por um médico como este [que tem culhão para quebrar paradigmas] do que médicos convencionais.

    Abraços 😉

    • ligiafascioni
      Responder
      30 setembro 2011 at 10:43 am

      Oi, Murilo!
      Entendo você; minha intenção não foi mostrar o certo ou errado, mas chamar atenção sobre se sua foto está realmente comunicando o que você quer (muitas pessoas não se atentam para isso; são mal compreendidas porque se comunicam mal, depois ficam reclamando da vida).
      A foto abriu sim. O médico está dando a cara a tapa – ele certamente está consciente da mensagem que está comunicando e os impactos que ela terá: vai ganhar alguns e perder outros. Faz parte. Como eu disse, não há certo e errado – a gente só tem que analisar se a nossa intenção está bem representada, alinhada como o que a gente está dizendo. O problema é ele depois sair reclamando que as pessoas não entendem o que ele quer dizer – quem não segue convenções e foge do repertório da maioria, com certeza será entendido por um público menor. Sem choradeira, apenas consciência…

      Abraços,

      PS: Atente para o fato de que algumas pessoas acham que estão fugindo das convenções, mas na verdade, apenas estão inconscientemente se encaixando em outras. Vale refletir a respeito…

      • 9 fevereiro 2012 at 7:39 pm

        Lígia
        Em algumas das minhas turmas de pós-graduação (a disciplina é GESTÃO DE CARREIRA E MARKETING PESSOAL) eu passo aquele seu artigo “SERÁ QUE AS APARÊNCIAS ENGANAM MESMO” e peço que os alunos escrevam comentários sobre o artigo. Infelizmente a maioria faz comentários criticando o erro de “Julgar pelas aparências”. Poucos entendem que o artigo fala de prestar atenção na aparência que apresentamos aos outros… é a vida!

        PS: e no meu caso, que não tenho foto no perfil (Twitter) e sim o nome escrito. Você tem algum comentário?

      • ligiafascioni
        10 fevereiro 2012 at 10:37 am

        O politicamente correto nesse país é uma praga, Ênio! As pessoas se consideram superiores porque não “julgam” pela aparência, como se isso fosse possível (não é, isso é automático); a questão é que é preciso estar consciente disso e pensar no que fazer com esse julgamento. É aquela falsa humildade, que detesto…eheheh

        Sobre o seu nome, penso o seguinte: quanto mais humano a gente parece, mais aproxima as pessoas. Uma foto sorrindo convida as pessoas a conhecerem você e saber o que você pensa. O nome escrito, na minha opinião, distancia e parece um pouco burocrático. Pense se você gostaria de se seguir ou se sentiria atraído para conhecer alguém que só mostra o nome… Mas é só uma ideia….ehehehe

        Beijocas geladinhas 🙂

  2. Dauro
    Responder
    9 fevereiro 2012 at 5:18 pm

    Você está ótima na foto.

    • ligiafascioni
      Responder
      9 fevereiro 2012 at 5:28 pm

      Aahahahah… mas é que o fotógrafo é o Michel Téo Sin. O menino faz milagres.
      A propósito, você também não está mal…ehehehe
      Abraços 🙂

  3. Pri-k
    Responder
    10 fevereiro 2012 at 11:26 am

    Existe os dois lados da moeda, eu estou do lado que se importa, ainda assim as vezes aparece uma foto lá e cá que alguém publica. O importante é respeitar os princípios de cada um né (não só com as fotos). Como diria uma amigo meu: é verdade, você tem uma reputação à zelar.

    Bjx

    😀

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