Joia rara

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Hoje recebi uma propaganda por e-mail que promete transformar seus cabelos em diamantes, literalmente. Para quem quiser saber detalhes, o site é esse aqui.

Isso acabou me lembrando de uma coluna que escrevi em 2005, quando ainda não tinha esse blog. Dá uma olhada e veja se você concorda.

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Sou sensível à arte, mas jóias me sensibilizam menos que outras formas de expressão. Apesar de reconhecer que algumas peças deveriam ser apreciadas como verdadeiras esculturas, ainda acho as bijuterias mais versáteis, acessíveis e interessantes. Trocaria sem piscar um belo colar de diamantes por um quadro que me agradasse ou por muitos livros legais. Entendo racionalmente o fascínio que as pessoas têm por essas peças tão especiais, mas por algum motivo não consigo me emocionar.

Ou não conseguia. Alguma coisa mudou.

Uma empresa suíça teve a idéia brilhante (sem trocadilhos) de transformar as cinzas de uma pessoa morta em diamante sintético. É que um diamante comum é formado por moléculas de carbono submetidas a temperatura e pressão altíssimas ao longo de milhões de anos. A fabricação de diamantes artificiais simplesmente acelera o trabalho que a natureza leva tanto tempo para fazer. Há muito tempo as técnicas já estão dominadas e consegue-se fabricar um diamante em um tempo que varia de 3 a 6 semanas (quanto mais tempo, mais duro é o diamante). A novidade é que a empresa em questão desenvolveu um processo que consegue separar as moléculas de carbono presentes nas cinzas de uma pessoa morta que tenha sido cremada e transformá-las em diamante.

Assim como não existem duas pessoas iguais, também não existem dois diamantes iguais (mesmo os naturais). A empresa informa que a coloração e os detalhes da pedra dependem da composição química das cinzas que lhe deram origem. A lapidação pode ser em forma de coração, quadrada ou arredondada (mais conhecida como brilhante).

Já pensou? Você andar com a sua avó no pescoço? Ou um grande amor perdido numa tragédia virar um lindo anel? Tem coisa mais poética? Eu achei a idéia genial, mas reconheço que é preciso se acostumar aos poucos. A expressão “jóia de família” teria agora um sentido mais literal e romântico. “Valor inestimável” também adquiriria um novo sentido.

Em vez de lugares lúgubres e deprimentes, os cemitérios do futuro seriam maravilhosas joalherias. As pedras perderiam o valor econômico intrínseco e passariam a valer mais pela história das pessoas que as originaram. Celebridades poderiam valer mais, mas você não trocaria o diamante do seu pai querido por nada. Seria o triunfo do ser sobre o ter.

Penso que essa é uma maneira muito original de tornar o mundo mais lindo e esplendoroso. Finalmente as pessoas se tornariam fisicamente eternas (como os diamantes).

A tecnologia ainda não está acessível para todos e custa caro (de R$ 10 mil a R$ 30 mil), mas vale a pena sonhar. Eu ficaria muito feliz, se quando morresse, fossem retirados todos os órgãos que pudessem ser reaproveitados e o resto virasse diamante. Que lindo se todas as pessoas pudessem virar jóias para contribuir com o brilho de outras.

Seria justo, porque, afinal, todo mundo nasceu para brilhar. Por que não brilhar ao morrer também?

Lígia Fascioni | www.ligiafascioni.com.br

3 Responses

  1. 18 setembro 2009 at 1:40 pm

    ligiafascioni.com.br – da best. Keep it going!

  2. Clotilde♥Fascioni
    Responder
    28 novembro 2011 at 10:07 pm

    Que ideia mais linda, adorei!

  3. Wanda
    Responder
    3 novembro 2016 at 1:34 pm

    Parabéns menina Liga. ….

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