![](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/Wroclaw-770x570.jpg)
Nunca visitei uma cidade com tantos nomes diferentes: em polonês é Wrocław (com esse “l”cortado ao meio), em alemão é Breslau, em húngaro é Boroszló, em latim é Vratislavia e mais quantas variações se queira em diferentes idiomas. Isso acontece por causa de sua história: datada do ano 1000, a cidade pertenceu primeiro à Polônia (990 ao século XIV), depois ao Reino da Boêmia (hoje República Tcheca), depois à Áustria (1526 a 1741), mais tarde à Prússia (em 1871, o rei da Prússia fundou o Império Alemão, e a região passou a pertencer à Alemanha). Desde 1945, Wrocław é uma cidade polonesa.
Enquanto fazia parte da Alemanha, a cidade passou por um rápido desenvolvimento, passando de 90 mil para 500 mil habitantes em algumas décadas. A Universidade de Wrocław, fundada em 1702, teve 11 Prêmios Nobel entre seus professores e alunos, a maioria alemães. No final da Guerra, a cidade, totalmente destruída, tinha 190 mil alemães e 17 mil poloneses; os alemães foram todos deportados e a situação ficou bem tensa. Só depois da queda da União Soviética (e do Muro de Berlim) é que as relações ficaram mais tranquilas e a cidade se recuperou econômica e socialmente.
Hoje, Wrocław é conhecida como a Veneza da Polônia por causa de suas 12 ilhas fluviais e 130 pontes. E olha só que impressionante: dos 640 mil habitantes, 22% são estudantes universitários.
Essa jóia de belezura inesperada tem algumas curiosidades, olha que interessantes esses lugares!
1.Centro histórico (Rynek)
Essa é uma das maiores concentrações de prédios coloridos, históricos, de arquitetura diversa e bem conservados que já vi. Considerando que tudo foi destruído na guerra, o esforço de restauração é admirável. Acredito que tanto capricho tem a ver com o fato da cidade ter sido Capital Cultural da Europa no ano passado e daqui a 20 dias a cidade vai se tornar a sede dos Jogos Mundiais. Algumas ruas depois da principal praça, pode-se ver a quantidade de teatros, óperas e casas de concerto (contei 17!).
![A imagem mostra uma rua larga com um casario colorido em ambos os lados. O céu está bem azul.](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/wroclaw191.png)
![A imagem mostra uma visão panorâmica do casario de um pátio interno. As casas têm telhados triangulares e são pintadas de cores quentes.](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/wroclaw93.jpg)
![A imagem mostra pessoas caminhando em uma rua para pedestres; no canto direito, um vaso de flores.](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/wroclaw_6464.jpg)
![A imagem mostra um portal em forma de arco por onde se vê a silhueta de uma mulher passando. Ao fundo, um prédio vermelho e laranja na praça principal.](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/wroclaw_6469.jpg)
2. Centro Religioso
Essa classificação é minha (não vi essa denominação em nenhum guia), mas penso que descreve bem o quarteirão atrás do Jardim Botânico onde ficam a Catedral, seminário, museu, arquidiocese, casa do Bispo, enfim, várias construções religiosas imponentes e muito bem cuidadas.
![A imagem mostra o reflexo de um prédio histórico numa poça d'água.](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/wroclaw-177.jpg)
![A imagem mostra um portão de entrada de um belíssimo e bem cuidado jardim.](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/wroclaw-175.jpg)
3. Pontes e Ilhas
Boa parte das Ilhas são parques muitíssimo bem cuidados. Eles também capricharam na orla do rio Oder, que banha toda a cidade, fazendo locais de convívio bem agradáveis. Uma ponte é diferente da outra, cada uma de cor diferente, como a Most Piaskowy que é toda vermelha (descobri que Most é ponte em polonês).
![A imagem mostra uma ponte vista do vão central. Ela é de ferro e pintada de amarelo.](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/Wraclow_38.jpg)
![A imagem mostra uma ponte de ferro vermelha enquanto uma ciclista vestida de rosa faz a travessia.](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/Wraclow_36.jpg)
![A imagem mostra uma ponte de ferro pintada de azul turquesa cujas grades laterais estão cheias de cadeados. Um homem de jeans e camisa rosa é visto de costas passando por ela.](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/Wraclow_229.jpg)
![A imagem mostra uma mulher passando de bicicleta por uma ponte de ferro.](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/Wraclow_6479.jpg)
4. Museu da Universidade de Wrocław
A cidade tem muitos museus (contei 15), parte de história e parte de arte. Como em poucos dias não dá para passear e visitar museus com o tempo que eles merecem, escolhi apenas o Museu da Universidade de Wrocław (também fui ao Panorama Raclawicka, mas ele é extremamente parecido com o de Waterloo que já tinha visitado perto de Bruxelas, então não causou exatamente grande impacto).
O Museu da Universidade tem 4 salas que merecem especial atenção: Wystawa, com instrumentos científicos de medição usados nas aulas, desde a fundação; o Oratório Mariana, uma sala de concertos destruída na Guerra e reconstruída em 2013-2014; a Torre dos Matemáticos, que fica no topo do prédio e, além da biografia dos principais professores, é possível ver a cidade e seus belos telhados triangulares de cima e, finalmente, a espetacular Aula Leopoldina, que era a sala de eventos principal.
![A imagem mostra uma sala ricamente adornada.](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/Wroclaw_-54.jpg)
![](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/Wroclaw_138.jpg)
![](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/Wroclaw_6467.jpg)
![](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/Wroclaw_45.jpg)
5. Gnomos espalhados pela cidade
Essa parte é bem curiosa e muito bem sacada pelo pessoal do turismo. É que nos anos 80, quando o país ainda estava sob o domínio da antiga União Soviética, existia um grupo de estudantes de arte chamado Laranja Alternativa que costumava pixar as paredes com frases de protesto contra o governo. A polícia apagava tudo e os estudantes pintavam gnomos por cima. Em 2001, já com o muro de Berlim no chão, alguém teve a ideia de transformar esses desenhos em pequenas esculturas de bronze e espalhá-las pela cidade. É uma coisa bem divertida sair descobrindo os gnomos, pois eles estão sempre escondidos em algum cantinho e têm os estilos mais diversos: vi um pedreiro, um guitarrista, um montado num cavalinho, enfim, a criatividade não tem limites. Os próprios comerciantes locais viram que a brincadeira fazia sucesso entre os turistas (há até passeios guiados para descobrir gnomos) e colocaram seus exemplares em lugares estratégicos dos estabelecimentos. Hoje são mais de 200 bonequinhos, crescendo sempre em número. Genial, na minha opinião.
![A imagem mostra uma pequena escultura em bronze de um homenzinho mostrando um violão com as mãos para cima. Ao fundo, o casario da praça principal.](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/FullSizeRender-166.jpg)
![](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/FullSizeRender-160.jpg)
![](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/IMG_6472.jpg)
É claro que ainda tem muita coisa a mais para ver e fazer; os sensacionais museus de arte, os passeios de barco, a visita ao parque onde tem o estádio Hala Stulecia que é patrimônio da Unesco (pena que estava fechado a visitação), o teleférico da universidade, os teatros, a ópera, os espetáculos de dança, o teatro de bonecos, o jardim japonês… enfim, não dá para reclamar. Se Wrocław não estava na sua lista de cidades para conhecer antes de morrer, coloque.
![](https://www.ligiafascioni.com.br/wp-content/uploads/2017/07/FullSizeRender-209.jpg)
ENIO PADILHA
Lígia, querida. Suas resenhas de viagem são insuperáveis. Precisam ser lidas (saboreadas) com calma.
(e olha lá o Schrödinger — e suas caixas de gatos — no time dos Nobel Prize da Universidade!)
Ligia Fascioni
Sim, o Schrödinger estudou lá! Incrível, né? Que bom que você gosta das resenhas; viajo de novo toda vez que as releio 😊
Fani Mamede
Parece saída de um livro… aquelas histórias contadas que nos guardam o direito de criar os cenários e as paisagens, produtos da nossa imaginação… grata por compartilhar essa belezura 😘
Luis Lopes
Boas Tardes !
Eu vou a wroclaw ( em Português é Breslávia, ) . Pode-me dizer se é necessário comprar o bilhete para o museu da universidade com antecedência ( Vou em Agosto, mês que toda a gente Viaja ).
Obrigado e já agora parabéns pelo seu trabalho.
ligiafascioni
Olá, Luis!
Olha, infelizmente não sei dizer, pois não fui nessa época. Quando eu fui quase não peguei fila; é só o que posso dizer.
Desculpe não poder ajudar…
Abraços e uma ótima viagem!
Ana B
Boa tarde,
Está no meio roteiro ir a wroclaw quando for à Polónia (em breve), e gostaria de saber quantos dias lá esteve e, na sua opinião, quanto tempo/dias se deve reservar para visitar a cidade. Consegue-se percorrer bem tudo a pé, ou gasta-se muito tempo em viagens e a ir de um sítio para o outro?
Obrigada desde já =) e gostei muito das suas descrições
ligiafascioni
Oi, Anita! Eu fiquei 5 dias (porque fui a uma feira técnica) e foi tempo mais do que suficiente. Penso que dois dias já dá para ver o principal. Fiz tudo a pé porque o centro histórico é relativamente pequeno.