Design é coisa pra gente bonita

Essa coluna, de agosto de 2007, é bem polêmica. O que você pensa a respeito?

Fotografia: Eric Lafforgue

Esses dias ouvi um pedaço de conversa no corredor da faculdade, que, para mim, fez todo o sentido. Um rapaz, em uma revelação nada modesta, declarava, em alto e bom som “design é coisa para gente bonita“. Vi-me obrigada a concordar com ele.

Antes que me acusem justamente de fútil (que sou mesmo, mas isso não vem ao caso agora), acompanhem um pouquinho a linha de raciocínio.

Uma das funções mais nobres do design é tornar o mundo mais belo (e também mais fácil, inteligível, sustentável, amigável, etc). Ou seja, a preocupação estética está sempre presente, qualquer que seja o projeto. O olho do designer deve estar o tempo todo ligado em identificar desequilíbrios, corrigir distorções, promover harmonia. O designer deve estar atento às cores, aos pesos, às proporções. E por que cargas d´água justamente a sua própria aparência ficaria fora disso tudo?

Penso que a busca do belo é condição essencial para o exercício da profissão. Mas atenção: belo não quer dizer magro, com as feições perfeitamente simétricas, corpo escultural, parecendo que o profissional em questão acabou de cair de um catálogo de moda. Há pessoas gordas e lindíssimas, há narizes enormes e exóticos, há orelhas de abano muito interessantes. Justamente aí é que está o talento do bom designer: pegar a matéria prima disponível e torná-la bela usando apenas o seu conhecimento, seu senso estético e os recursos da composição. Uma das pessoas mais elegantes que conheço é o Jô Soares, com aquela gravatinha borboleta que mostra capricho e estilo. Conheci também uma varredora de ruas que ia trabalhar toda maquiada e produzida, levantando o astral do bairro todo. Quem não começaria o dia de bom humor ao cruzar com a Elke Maravilha na esquina? O belo está justamente na diferença, no contraste, não na plastificação que teima em tentar fazer todo mundo caber no mesmo molde.

Então, penso que o designer deve sim, preocupar-se com sua própria aparência. Será que está usando as proporções corretas? As cores mais adequadas? Será que está comunicando uma mensagem intencional ou apenas dependendo da sorte? Dá para perceber, só de olhar, o seu cuidado com os detalhes, o seu talento, a sua competência técnica? E, não custa lembrar, é claro que isso não se traduz só na roupa (que não tem nada a ver com marcas), mas também na postura, no tom de voz, no vocabulário.

Recomendaria essa prática, não fosse por outro motivo, ao menos por respeito aos seus clientes. Nunca me esqueço de uma entrevista da premiada atriz Katherine Hepburn, já passada dos noventa anos e longe de ter aquela beleza hollywoodiana com a qual ficou famosa, que dizia se arrumar e se maquiar todos os dias em consideração e respeito às pessoas com as quais convivia. Ela, se não quisesse, não precisava contemplar a sua figura – bastava não se olhar no espelho. Mas seus companheiros de jornada não tinham essa escolha. Grande dama, heim?

Considero uma contradição grave um designer sair por aí falando que não liga para a aparência. Em vez de parecer blasé, para mim, soa hipócrita.

É claro que há pessoas que consideram o corpo e o aspecto externo apenas uma casca sem valor. Defendem que mais importante é o que está por dentro. Só que para o designer, o dentro e o fora deveriam ser igualmente importantes. A forma, a função e o significado precisam estar em sintonia.

As pessoas, é claro, têm todo o direito de ignorar completamente como estão vestidas, se os cabelos estão desgrenhados ou se mastigam de boca aberta. Despojamento não é e nunca foi crime. Respeito e entendo o princípio. Só acredito que design não é a profissão ideal para gente assim.

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