Criatura

Nem li direito a quarta capa para saber a história; confesso que, nesse caso, comprei o livro por causa do título: “Das Wesen” (tradução livre: “a criatura”). Daqui alguns meses ficará claro porque a palavra me chamou atenção, mas, por ora, vamos à obra.

O autor, o alemão Arno Strobel, trabalhava com tecnologia de informação em Luxemburgo, num grande banco, até que, aos 40 anos, resolveu começar a escrever thrillers. Esse é o quarto romance dele e fiquei curiosa para ler os outros.

A história começa com um comissário de polícia e seu parceiro recebendo uma chamada anônima denunciando o sequestro de uma criança. Eles vão até o endereço fornecido e, para a surpresa de ambos, encontram o médico psiquiatra condenado a 13 anos de prisão graças ao trabalho dos dois. Tinha sido o primeiro caso da dupla, há 15 anos.

Na época, Alex Seifert, que faz o narrador, conta que seu chefe, o comissário Bernd Menkhoff lhe deu uma bronca porque ele ficou muito emocionado em ver uma criança morta pela primeira vez. Bernd deixou claro que o trabalho exigia cabeça fria para não perder os detalhes; um erro e o criminoso poderia escapar. O tal psiquiatra, dr. Lichner, principal suspeito, era casado com uma mulher tão bela quanto calada e misteriosa. Ela acabou ajudando nas investigações e, depois do médico condenado, acabou ficando dois anos num relacionamento com Menkhoff. Ele tinha certeza absoluta da culpa do médico e fez de tudo para conseguir provas para condená-lo. Seu parceiro e subordinado, Alex, torturou-se por anos na incerteza de ter tomado a decisão mais correta, apoiando incondicionalmente seu chefe. Será mesmo que o tal médico era culpado? Menkhoff, apesar de experiente, parecia tão alterado naquela época. Cabeça sempre quente, nervos à flor da pele, o completo oposto à frieza de raciocínio que cobrou do colega novato.

Nessa chamada anônima, acabaram descobrindo que o psiquiatra estava sendo acusado de sequestrar a própria filha, que eles nem sabiam que existia. As investigações vão se desenrolando e Alex fica cada vez mais desconfortável com a ideia de que o médico possa ter sido condenado injustamente. Os parceiros descobrem que ex-muher dele, Nicole, também era sua paciente e tinha uma história de vida muito complicada.

Para quem gosta de ler policiais, não dá para dizer que o final é surpreendente; mas que é muito bem escrito, com certeza é.

Recomendo fortemente e vou já ficar atenta aos outros livros dele. Muito bom.

PS: Wesen normalmente é uma palavra usada para caracterizar criaturas ou seres não-humanos, mas, no livro, o psiquiatra a utiliza na forma mais ampla, que é a designação de ser, ente, vivente. Ele afirma, em mais de uma oportunidade, que é preciso conhecer a natureza dos seres. Daí o título.

1 Response

  1. Helena Bäuerlein
    Responder
    2 março 2017 at 2:36 pm

    Fiquei muito interessada, Ligia.
    Não conheço Amo Strobel.
    Vou conferir.

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