Mundo sem amanhã

Achei esse livro num mercadinho de livros usados e adorei; preciso ler mais coisas desse autor!

Welt Ohne Morgen” (tradução livre: “Mundo sem amanhã”), de Tom Roth (um dos pseudônimos de Tibor Rode) é um thriller desses de deixar a gente grudada no livro até terminar. Com capítulos curtos e cheios de suspense, já dá para imaginar um filme.

O autor trabalha como jornalista, Especialista em TV, dá aulas na universidade e hoje atua também como advogado e tabelião. Ele estudou mudanças climáticas e certificação de CO2.

A história se passa em 2021, logo depois da pandemia, na Austrália, onde acontece um encontro de ativistas ambientais de 12 países do mundo; são doze adolescentes escolhidos a dedo pelo organizador, um jovem adulto, para discutir o futuro do planeta em um acampamento numa ilha.

Acontece que o grupo é sequestrado por supostamente terroristas ambientais que ameaçam matar uma a uma das crianças em frente às câmeras se suas exigências não forem cumpridas pelos governos.

E isso acontece poucos dias antes da Conferência Climática em Glasgow, na Escócia. Então, imagina a polvorosa! Todo mundo comenta, mas as demandas vão desde plantar uma quantidade gigantesca de árvores, conseguir milhões de views no vídeo dos sequestradores, até questões envolvendo certificados de balanço de carbono.

O primeiro garoto na berlinda é o italiano Lorenzo; os grupos de jovens se reunem para plantar árvores, os pais fazem o impossível para conseguir cumprir as exigências mas a questão legal dos certificados é uma decisão dos governos, que não estão muito focados nessa questão. O autor, um estudioso do clima, mostra toda a hipocrisia e descaso dos governantes, muito mais focados em resultados para a economia e os índices de popularidade. 

O resultado é que Lorenzo é colocado numa caixa de vidro em frente às câmeras e asfixiado com gás carbônico, num espetáculo assustador.

A próxima vítima anunciada é a alemã Hannah. Com 15 anos de idade, é uma ativista romântica como convém aos jovens dessa idade. Ela mora com a mãe (separados, o pai casou-se novamente e praticamente a ignora) em Berlim. Ela tem um tio jornalista, que cobriu a guerra da Síria e vive isolado nos confins do Canadá para tratar dos traumas que restaram da experiência. 

Por acaso, quando vai ao vilarejo para comprar víveres, Marc, que vive sem televisão ou internet, fica sabendo da situação de sua sobrinha amada. Voa para se encontrar com a irmã em Berlim e começa a luta para tentar salvar a menina. 

Ele começa viajando para Götenborg, na Suécia, para conversar com um amigo jornalista que diz ter informações que podem ajudar no caso, Ele está investigando o presidente de uma grande empresa que negocia certificados de CO2 usando a tecnologia Blockchain. 

Marc consegue se encontrar com o presidente da tal empresa, mas além da antipatia instantânea, não progride com sua investigação. O próximo encontro é com seu amigo. Adiantado na hora, resolve ir até a casa dele (Marc não tem celular) só para descobrir que o amigo jornalista foi assassinado (ele tem, inclusive, que fugir ao descobrir o corpo, para não ser associado com o crime). Ainda em Götenborg, Marc é atropelado por um carro suspeito e é salvo pela irmã desse amigo morto. 

Essa irmã é piloto de aviões e o leva para Berlim; lá descobrem que um dos especialistas que fornecem os tais certificados sofreu um atentado e está no hospital. Mais investigações levam a dupla para Uganda, onde o tal empresário tem negócios e há evidência de que se encontrou com o organizador do acampamento dos jovens.

Tudo é muito tenso, como convém a um bom thriller. A frieza dos políticos, num momento em que todos estão apreensivos com a ameaça à vida da alemã Hannah e o representante do Brasil, ao ser pressionado pela representante do clima alemã, trata a questão como algo menor. A alemã pergunta se ele não está preocupado com Diego, o brasileiro que faz parte do grupo de crianças sequestradas, no que ele responde: você sabe de onde vem o Diego? De uma favela brasileira. Lá morrem crianças todos os dias. Não há uma comoção nacional por esse jovem, igual a tantos outros…

É de se pensar mesmo. Bom, os bastidores são revelados, tanto do ativismo ambiental e seu interesse financeiro, como empresas bilionárias que surfam na onda das mudanças climáticas, governos que não estão dando a devida atenção ao tema, imprensa, enfim — uma marcha acelerada e distraída, rumo à autodestruição.

Tem FBI, BKA (a versão alemã da Polícia Federal), polícia sueca, cooperação entre investigadores, mal entendidos, mais mortes, gente muito bem intencionada e competente e, como não poderia deixar de ser, a falta de juízo do ousado herói Marc, que se mete nas situações mais perigosas.

Tem plot twist no final e já adianto que vale muito a pena seguir a história toda.

A parte chata é que fui pesquisar e só tem publicação em alemão até agora; nem em inglês eu encontrei. Então, se você quer se arriscar, olha aqui o link para comprar a versão original na Amazon do Brasil.

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