O cu do mundo

Há uns dias li uma matéria na Deutsche Welle sobre uma pesquisa que dizia que, ao contrário do resto do mundo, cujos xingamentos quase sempre têm conotação sexual, os alemães têm fixação por escatologia na hora de demonstrar indignação.

Isso quer dizer que nenhum alemão fica ofendido quando você descreve os pormenores do possível trabalho da mãe ou das mulheres da família dele, nem quando você o manda manter relações sexuais com alguém do outro sexo ou do mesmo (nossa, que difícil é descrever palavrões sem usar palavras chulas, mas tem que explicar certinho para a teoria fazer sentido…eheheh).

O filólogo Hans-Martin Gauger, autor da pesquisa, diz que os alemães são mais lógicos até na hora de xingar, pois um sentimento ruim tem que ser traduzido por uma coisa ruim, que não presta. E tem coisa pior que merda, nesse caso? Já as práticas sexuais usadas como xingamento não são intrinsecamente ruins, depende muito mais da preferência de cada um, portanto impróprias para descrever raiva ou desprezo.

Isso combina bem com a falta de erotismo que eu já tinha observado por aqui. Ao contrário de nós, os brasileiros, cujas músicas, propagandas, gestos, roupas, enfim, absolutamente tudo na nossa cultura remete ao sexo, os alemães simplesmente agem como se essa fosse uma área do comportamento completamente isolada do dia-a-dia. Eles tomam sol completamente nus nos parques, frequentam saunas mistas sem nenhuma malícia e ignoram a presença de uma deusa escultural no recinto; simplesmente nem olham.

Então, os piores palavrões aqui, se traduzidos ao pé da letra significam coisas como “maldita merda” ou “vem lamber minha bunda“.

Até aí tudo ok, parece bem coerente. Mas, gente, vi essa propaganda na TV e fiquei chocada! Jamais passaria pela cabeça de um publicitário brasileiro abordar o assunto dessa maneira; pois aqui, aparentemente, todo mundo achou super normal.

Vou descrever a história segundo meus parcos conhecimentos de alemão (se alguém aí for do nível C1 ou C2, por favor me corrija).

Um casal segue de carro por uma estrada e o homem parece bem entediado. Aí a mulher vê alguma coisa na paisagem que a deixa surpresa (mas não indignada): é uma montanha enorme em forma de bunda (sim, você leu direito). Ela pergunta o que é aquilo e o homem explica calmamente “ah, isso aí é o cu do mundo“. É que eles estão indo comprar móveis e têm que viajar para achar o que querem; para isso, vão muito longe. Corta e aparece um sujeito numa sala explicando (com uma imagem de uma bunda) que não é preciso ir tão longe para comprar móveis e luminárias bacanas; dá para fazer tudo confortavelmente pela internet (sim, pasmem, isso é uma propaganda de loja de móveis virtual). Não acredita?

Assista o vídeo e veja como o mundo é um lugar cheio de culturas diferentes, insuspeitadas e interessantíssimas…..ehehehehe

5 Responses

  1. 29 novembro 2012 at 11:28 pm

    Eu sempre achei que mandar a pessoa tomar, bem, você sabe onde, não é nada ofensivo. Tem tanta gente que gosta! Mesma coisa sobre a profissão das mães.

    Adorei o vendedor do comercial com essa atitude blasé aliás.

    • ligiafascioni
      Responder
      30 novembro 2012 at 8:23 pm

      Aahahaha… também amei as caras e bocas do vendedor debochando de quem não usa o site e vai até o…. você sabe…ehehehehe

  2. 30 novembro 2012 at 5:56 pm

    hahaha! Bizarro. Gostei.

  3. Claudia
    Responder
    5 dezembro 2012 at 6:51 pm

    Além do mais, sempre aprendi que “o que abunda não atrapalha”. Sei lá, acho que não entendi direito. 🙂

    • ligiafascioni
      Responder
      6 dezembro 2012 at 12:59 pm

      Aahahahaha… verdade!

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