Oskar e a dama de rosa

Lá se foi mais um livrinho daquela coleção fofa de livros de bolso encadernados com tecido metalizado e fitinha de seda para marcar. A história da vez mais parece sessão da tarde (de fato, fizeram um filme baseado no livro).

Oskar é um menino de 11 anos que tem leucemia; o transplante não funcionou e o caso dele é sério mesmo. O menino está internado e os pais, cada vez mais assustados com a situação, só vão visitá-lo aos domingos para levar presentes. No hospital trabalha uma dessas senhoras voluntárias que percebe a solidão de Oskar e se torna sua amiga.

Entre eles não há mentiras ou enganações; ambos sabem que ele vai morrer em breve. Pois a senhora tenta fazer com que ele vá em paz, sem raiva dos pais (Oskar não entende porque eles se afastam tanto e nunca tocam no assunto) ou do médico, que, do seu ponto de vista, parece tão arrasado a cada consulta que faz com que o menino se sinta culpado por não ter conseguido superar a doença.

O menino chama a senhora de Oma Rosa (Oma é avó em alemão) e eles conversam bastante. A senhora revela para ele um segredo incrível: ela era lutadora, dessas de luta livre, e ganhou inúmeros torneios emocionantes. Ela sempre usa as lições que aprendeu no ringue para explicar algumas coisas a Oskar.

Mas o mais interessante é a brincadeira que ela propõe a ele : nos últimos 12 dias do ano (é exatamente o que falta para o ano terminar), cada dia valeria 10 anos. Assim ele não teria a sensação de morrer cedo e iria se aproximando do final com sabedoria. O menino topa e a senhora não mede esforços em fazer com que ele viva intensamente esses dias restantes. Incentiva que ele se declare para uma menina, que também está internada (afinal, ele já está com 30 anos nesse dia); aliás, dá forças para que ele fale sempre o que está sentindo.

Nas horas em que ela não está junto, sugere que ele escreva uma carta a Deus, já que ambos se encontrarão em breve.

A coisa é realmente melodramática, mas nem por isso deixei de chorar. Por que a gente é tão hipócrita com a questão da morte? Por que meu pai estava nos deixando e a gente insistia, em nossas últimas conversas, que ele iria ficar bom? Na verdade, a maioria de nós age um pouco como os pais do Oskar, que evitam falar no assunto e não facilitam em nada esse processo que não precisa ser mais difícil do que já é.

Quando a pessoa aceita que se vai, consegue resolver as coisas pendentes e ir em paz, como o Oskar, sem falsas esperanças. Mas a nossa cultura torna tudo mais difícil e raramente a gente consegue ser sincero com alguém querido que está sofrendo de alguma doença terminal.

Olha, recomendo mesmo que todo mundo leia a história do Oskar, viu? Seria melhor para todos…

1 Response

  1. Clotilde♥Fascioni
    Responder
    6 setembro 2012 at 6:27 pm

    Não é fácil encarar a morte, mesmo que saibamos que ela é a coisa mais verdadeira da nossa vida. Mas é preciso ter um pouco de medo, pois senão nos suicidaríamos por qualquer a “dá cá uma palha” (sempre quis usar essa frase). Também é muito difícil tratar do assunto com pessoas que tem medo e quem não querem saber da verdade, então a gente entra naquela de não perder as esperanças até o ultimo momento. O Junior falava na boa em morrer, até me disse que me mandaria uma mensagem via internet….estou esperando…hahahah♥

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