Para voar e pensar

Acabei de chegar do cinema. Fui assistir Up in the air, bizarramente traduzido como “Amor sem escalas” (de onde eles tiram as ideias para esses títulos?). Pelo nome em português, parece uma comédia romântica de sessão da tarde, ainda mais porque é estrelado pelo bonitão George Clooney (adoro!).

Apesar do bom humor e das tiradas bem sacadas, o filme pode ser tudo, menos uma comédia, muito menos romântica. Gostei de tudo: o elenco é perfeito, o roteiro é muito bem escrito e direção irrepreensível; curti até a trilha sonora.

Fala de um sujeito que ganha a vida fazendo o trabalho sujo de demitir pessoas em escala industrial para empresas em crise. Para isso, tem que viajar o tempo todo, coisa que ele adora, mas que também o impede de ter qualquer ligação com a terra. Até que aparece uma nova funcionária que tem a brilhante ideia de usar a tecnologia para reduzir custos e melhorar a produtividade das demissões usando recursos de teleconferência. Ela viaja com ele para ver a coisa de perto e leva tempo para ver que, apesar de tecnicamente perfeita, a solução desconsidera completamente o impacto psicológico sobre as pessoas envolvidas (já é ruim ser demitido, mas por teleconferência ninguém merece).

Eu me identifiquei muito com a tal funcionária, a boa aluna empenhada em fazer o seu melhor, mas um pouco sem noção de que as pessoas são diferentes e podem ver a suas ideias aparentemente tão bacanas sob um ângulo que ela nem tinha sonhado.

O filme também fala de relacionamentos e faz a gente sair pensando do cinema. Tem o mérito de não repetir a fórmula do típico final “sessão da tarde” com mensagem edificante e “lição de vida“. Meus amigos não gostaram muito, mas eu adorei.

Recomendo.

3 Responses

  1. 28 janeiro 2010 at 9:20 pm

    Também fui ver o filme há poucos dias, Lígia.
    Muito bem feito, “super americano” (morei lá) e foi interessante ver atrás de uma aparente fachada dura uma outra realidade bem sensível rolando (e que nem sempre é mostrada).
    Mas o que mais me surpreendeu foi de me dar conta de como saimos de um sistema machista para uma realidade impensável até bem pouco tempo atrás! Muito interessante, mesmo.
    Beijo,
    Renata

  2. 29 janeiro 2010 at 10:14 am

    Está explicado. Já tinha visto homens dizerem que tinham gostado do filme, e não entendi se estavam só querendo agradar a namorada… É que eu não tinha visto o nome em inglês!!

    Bem, agora só me resta assistir =)

  3. Marcie Faes
    Responder
    2 fevereiro 2010 at 10:07 am

    A ZH de domingo deu bastante destaque ao filme: no caderno Empregos, com 3 desempregados que o assistiram e deram seu parecer, e na coluna da Célia Ribeiro, comentando a pasta usada pelo Clooney em relação à arrumação das malas de executivos.

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