Dois mundos tão diferentes

O livro começa com um homem de 35 anos entrando num elevador. Ele é uma espécie de codificador humano que consegue criptografar informações em seu subconsciente. A técnica foi desenvolvida por um pesquisador e o serviço é oferecido por uma grande corporação. 

O homem, ou Calculator, como é chamado no livro, vai visitar um cliente. Tudo no prédio é estranho; não há nenhum tipo de ruído e o elevador parece não se mexer. Dali em diante, as estranhezas só pioram.

Esse é um dos mundos descritos em “Hard-boiled Wonderland und das Ende der Welt” (não sei traduzir isso, mas seria algo como: “Um Maravilhoso e Bem Cozido Mundo e o Fim do Mundo“, de Haruki Murakami. No caso, a cena do elevador se passa no mundo Maravilhoso; o Japão contemporâneo onde o moço trabalha e vive.

O próximo capítulo se passa no Fim do Mundo, um universo paralelo narrado pelo mesmo sujeito. Trata-se de uma cidade murada onde ele chega sem saber como foi parar lá. A primeira providência do vigia que o recebe é separá-lo de sua sombra, que, no caso, também faz as vezes de sua alma. A sombra consegue sobreviver por um tempo apartada, mas por tempo limitado. Seu trabalho na cidade é ler sonhos em uma biblioteca muito especial.

Nunca canso de me surpreender com a imaginação e a capacidade criativa de Murakami; o sujeito se supera a cada obra que eu leio. Aos poucos a gente vai entendendo a relação entre esses dois mundos e o que cada um simboliza. 

Olha, mais não posso falar para não dar spoiler. Mas um sujeito que consegue reunir ficção científica, romance, aventura, pitadas de psicanálise e até um pouco de poesia em pouco mais de 500 páginas para fazer o leitor pensar, se emocionar e se comover, tem que ser aplaudido de pé. 

Recomendo demais.

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