Profissional commodity

Mesmo não sendo especialista em carreiras, é muito comum receber e-mails de pessoas pedindo uma luz. Como sou adepta da “regra de ouro”, sempre respondo da melhor maneira que posso, até para compensar o tanto de gente bacana que me ajudou ao longo da vida nessas dúvidas existenciais tão incômodas.

Recebi semana passada a mensagem da Vera (mudei o nome para preservar a identidade). Ela é bióloga, mas está muito insatisfeita com o salário de menos de R$ 1 mil. A Vera mora num pólo petroleiro e começou agora a cursar engenharia nessa área, pois quer muito melhorar sua situação financeira. Por sorte, a moça conta com o apoio da família, mas está bem perdida, pois o curso é bem longo e ela queria uma solução mais rápida para o problema. A Vera acredita que, de alguma maneira, posso ajudá-la. Olha, vou tentar, mas não sei se ela vai gostar do que vou dizer. Estou publicando o caso aqui porque penso que tem muita gente em situação parecida; vira e mexe alguém pergunta como está o mercado para a profissão X; se ganha bem e tals. Vamos lá, então. Continue reading “Profissional commodity”

Ida e volta

A viagem para Belo Horizonte, além de experiências muito bacanas e um mural lindão (vou postar as fotos depois), ainda rendeu a leitura de dois livros que recomendo: “A ditadura da moda”, de Nina Lemos (li na ida) e “A jogadora de xadrez”, de Bertin Henrichs (li na volta).

Criatividade sem inovação

O design é irmão da inovação. Não diria que é o pai porque a inovação nasceu bem antes do design (ela nasceu com o mundo: ele, com a revolução industrial). Também não dá para dizer que a inovação é a mãe do design porque há montes de projetos onde os genes inovadores são flagrantemente recessivos. Fiquemos então assim: são irmãos ligadíssimos, unha e cutícula. Pois, no Brasil, um vive chorando no colo do outro porque estão os dois sem pai nem mãe.
Tentando responder porque o Brasil ocupa um longínquo 40o lugar em um ranking mundial organizado pelo prestigiado INSEAD, Nóbrega nos conta que depois de mergulhar em muitos estudos e estatísticas, chegou a conclusões bem tristes sobre a predominância do conservadorismo nas nossas empresas. Simplesmente não há ambiente para inovação no Brasil; o risco é desproporcional aos ganhos. Mas vamos por partes, a fim de que a linha de raciocínio fique mais clara.

Direita, volver!

Essa prevenção contra livros de auto-ajuda ainda vai me fazer perder muita coisa boa. O que me salva é que vivo cercada por pessoas inteligentes e bem menos preconceituosas que eu. Olha que sorte: um aluno da pós-gradução (profissional experiente que tem muito mais a me ensinar do que eu a ele) me apresentou um livro daqueles que você fica pensando: como é que eu vivi até hoje sem ler isso?

Trata-se de “A revolução do lado direito do cérebro”, de Daniel Pink.O autor apresenta, de maneira simples e didática (porém, muito bem fundamentada), as fases da nossa valorização como profissionais na história da economia recente.

Segredo não é para contar

Escondida lá no fundo da livraria, a Marilena Chaui, no excelente “Convite à filosofia”, explica que um dos legados mais importantes da filosofia grega para o pensamento ocidental é a formalização da diferença entre o que é necessário e o contingente. Além disso, os gregos nos ensinaram que o contingente pode ser dividido entre o acaso e o possível.

Olha só: o necessário é aquilo que a gente não pode escolher, pois acontece e vai acontecer sempre, independente da nossa vontade. Assim, sempre haverá dias e noites; o tempo vai passar; todas as coisas serão atraídas pela gravidade; você vai morrer algum dia.

Já o contingente é aquilo que pode ou não acontecer na natureza ou entre os homens. Quando o contigente é do tipo acaso, também não está em nosso poder escolher. Exemplos de acaso: não posso determinar se um motorista bêbado vai ou não abalroar meu carro e provocar um acidente; também não posso arbitrar que meu pai seja ou não um jogador compulsivo nascido na Croácia.

A salvação do design

Há apenas uma semana, se alguém me perguntasse que livro eu levaria para uma ilha deserta, responderia, sem titubear, “O jogo da amarelinha”, de Julio Cortazar. É um romance cujos capítulos estão estruturados para serem lidos em qualquer ordem. Cada seqüência que o leitor escolhe gera uma história diferente. Muitos livros em um. Ideal para uma ilha, não é?
Pois agora mudei.

Frases da semana

De vez em quando posto aqui algumas frases do viciante Quotes on Design, mas o João Carlos Teixeira me apresentou outro site muito bacana também, com a diferença que os ditos são impressos em cartazes muito bacanas; o único porém é que o site não cita as fontes (coisa feia usar a frase sem contar o autor). Olha alguns que peguei no From up North. Vou tentar compartilhar aqui uma vez por semana (vamos combinar toda segunda?).

Criatividade sem dono

— Pois é, a área técnica é muito limitada. Por isso escolhi trabalhar com criatividade.

— Sabe o que é? Não fico bitolado nesses detalhes técnicos porque sou muito criativo, viajo mesmo.

Vivo escutando essas frases de designers, publicitários, ilustradores, artistas plásticos e todos esses profissionais que se convencionou chamar “criativos”. É praticamente um consenso: eles são a parte criativa da sociedade. O resto das pessoas é bitolada, um pouco limitada, tem dificuldade para entender arroubos de inovação. Eu aceitava isso sem questionar muito. Mas, esses dias, ao ouvir pela enésima vez essa fórmula tão pouco criativa, comecei a questioná-la.