Todos os ouvidos

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Essa semana assisti a uma palestra bem interessante. No coquetel de encerramento conversei com um empresário que elogiava a ótima apresentação, pois tinha lhe rendido ótimas ideias. Quando ele começou a apresentar suas propostas, fiquei surpresa: a maioria contradizia ponto a ponto tudo o que o palestrante tinha falado.

Aos poucos, dei-me conta do que aconteceu: as primeiras frases lhe inspiraram tanto que depois ele não prestou atenção em mais nada do que foi dito. Perdeu a melhor parte e, apesar da diversão mental, suas ideias cairiam todas por terra em uma análise mais crítica. Mas ele estava feliz e satisfeito com seu próprio desempenho e despejava, contente, suas sacadas geniais.

Quantas vezes a gente comete o mesmo erro, de começar a elucubrar e não ouvir o que poderíamos aprender? Ficamos tão maravilhados com a festa que rola dentro da nossa própria cabeça que o mundo exterior fica completamente dispensável e até meio entediante. Do lado de dentro da gente não há críticas, chatos duvidando do nosso brilhantismo, ceticismos e julgamentos fora de hora. São ideias lindas pipocando e se reproduzindo descontroladamente como fogos de artifício. Resistir, quem há de?

Isso faz lembrar de um dito antigo, onde há quem se gabe de “enquanto você está indo com a farinha, eu já estou voltando com o bolo”. Essa frase, apesar da pessoa que a usa com frequência não perceber, resume a total e incontestável incapacidade de ouvir. Para mim ela faz um parzinho perfeito com outra que diz que “tem gente que só aprende o que já sabe”. É ou não é?

É que ouvir é uma das tarefas mais difíceis que existem para um ser humano. Desviar um pouquinho os olhos do próprio e adorado umbigo e prestar atenção no outro; concentrar os sentidos em absorver o conhecimento e a experiência de alguém que não mora na nossa cabeça; deixar de lado nossas próprias convicções e tentar vestir a pele de outrem. A missão demanda muito esforço e um domínio quase sobrehumano do nosso pobre ego. Mas compensa. Sem isso, é quase impossível aprender de verdade.

Mas é preciso dizer que é difícil, muito difícil mesmo. Resta a confissão final e envergonhada: eu mesma bolei essa coluna inteirinha enquanto “ouvia” o tal empresário…

Fazer o quê?

Lígia Fascioni | www.ligiafascioni.com.br

Rede Latinoamericana de Diseño

O querido Jorge Montaña é um trabalhador incansável e um amigo querido, apesar da minha falta de tempo e de educação. Ele me convidou para participar da Rede Latinoamericana de Diseño e tem divulgado meu trabalho de todas as formas possíveis; mesmo assim, ando tão enrolada que acabei nunca mais aparecendo por lá. Pois o […]

Sobre as minhas palestras

Puxa, essa semana aconteceu de novo. Normalmente recebo 3 a 5 convites por mês para dar palestras em eventos acadêmicos de design. No final do ano, às vezes chegam a ser 8 convites (esse mês foi quase isso). É claro que fico honradíssima e muito feliz com a lembrança, ainda mais porque adoro falar com […]

E não é que é mesmo?

Nunca achei que Ronald Reagan fosse um grande pensador, mas ontem ganhei de presente uma frase do meu amigo Alberto Costa que me fez mudar de opinião. Vê se não é mesmo: “Não há limites para o que você pode fazer, se você não se incomoda com quem fica com o crédito” Ronald Reagan

Três coisinhas…

Não tenho o hábito de assistir muito TV, mas gosto do CQC e também de ver o jornal enquanto me arrumo. Mas tem três coisinhas que me causam irritação e que sempre são marteladas pelos jornalistas (formados ou não…): 1. Amigo pessoal. Pessoas, parem e pensem: alguém aí tem amigo impessoal? Pôxa, ou o sujeito […]

Design simples

Design simples é o nome de um projeto capitaneado pelo Rafael Gatti que estuda design na FAU/USP. A ideia é construir um portal de divulgação da cultura da inovação, apresentando leis de incentivo, instituições que podem auxiliar, projetos de estudantes nessa área e assuntos relacionados. Se quiser fazer uma visita, clique aqui. A dica foi […]