Fale como se estivesse no TED

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O Diego Marcello Trávez, que além de amigo e parceiro (a empresa dele é que cuida da minha agenda no Brasil), também é um descobridor de dicas interessantes para seus assessorados. Ele me mandou a foto de um livro que estava lendo e que recomendava muito; comprei e engoli o volume todo em menos de dois dias. Estava bom mesmo.

Talk like TED: tge 9 public-speaking secrets of the world’s top minds“, de Carmine Gallo (já resenhei o ótimo “Faça como Steve Jobs” dele também), pretende ser um guia definitivo de como fazer apresentações memoráveis. E acho que consegue.

Ele usa como base as apresentações do TED (Technology, Entertainment and Design), projeto criado em 1984 para divulgar ideias que merecem ser divulgadas. O modelo é centrado em apresentações de 18 minutos (no máximo) sobre os mais diversos temas como arte, design, negócios, educação, saúde, ciência, tecnologia e assuntos globais. Os vídeos das palestras são publicados na página do projeto (TEDTalks) e nada menos que um milhão de pessoas os assiste a cada dia.

Gallo mais de 500 das palestras entre as mais populares e, com a ajuda de neurocientistas, psicólogos e especialistas em comunicação, além de inúmeras entrevistas, análises estatísticas e sua própria experiência pessoal (que não é pequena), conseguiu identificar o que faz uma palestra ser assistida quase 38 milhões de vezes (como é o caso da apresentação de Ken Robinson, de 2012).

Ele começa apoiando o sucesso de uma apresentação em três pilares: emoção, novidade e memorabilidade.

A emoção é a parte que toca o coração das pessoas. E aí ele faz uma longa dissertação, cheia de exemplos práticos, sobre o poder do storytelling. É contando histórias que se chega ao coração das pessoas, que se realiza a conexão entre os seres humanos. Se as histórias forem pessoais, tanto melhor. Ele cita também a palestra de Brené Brown (vista 24 milhões de vezes) sobre o poder da vulnerabilidade e da empatia, além da clássica palestra de Amanda Palmer, sobre a arte de pedir. Nesse módulo, ele também fala sobre os gestos, as palavras, o tom de voz e até a velocidade com que a pessoa fala.

A novidade é o que nos move como seres humanos; somos curiosos por uma questão de sobrevivência. Sem isso, seria impossível evoluir. Uma pessoa precisa aprender algo novo em troca desses 18 minutos de atenção. E isso precisa ser mostrado de um jeito interessante; a melhor maneira é contextualizar os números que se pretende mostrar, comparando-os com outros do dia-a-dia ou mostrando-os em escala, usando metáforas, mostrando exemplos práticos com objetos reais.

Gallo revela ainda uma novidade (pelo menos para mim), veja só: aprender algo novo libera dopamina em altas doses; aprender é viciante como qualquer outra droga, tipo a cocaína, por exemplo. Só que é seguro e legal. Por que não levam isso realmente a sério nas escolas?

Por último, a capacidade de ser memorável. Reduzir a informação até que ela atinja sua essência, que pode ser na forma de uma história curta, uma frase, uma brincadeira, uma experiência multisensorial; algo que faça com que as pessoas se lembrem da mensagem. Que elas consigam resumir os 18 minutos em uma frase do tipo: é aquela palestra em que ele tira o computador de dentro de um envelope. Tenho certeza que você lembrou e sabe exatamente de qual palestra estou falando.

Na parte de memorabilidade, Gallo fala ainda sobre o senso de humor e seu papel na memória afetiva. Piadas devem ser usadas com muito comedimento ou evitadas por quem não é comediante profissional (o risco é enorme de alguém sair ofendido), mas rir de si mesmo e compartilhar histórias pessoais engraçadas pode ser um bom caminho.

O melhor é que o livro funciona como um curso, em que se pode lê-lo e acessar as palestras do TED para ver os exemplos que ele cita. Bom demais.

Mesmo que nunca pense em ser um palestrante ou professor, recomendo demais o livro, afinal, todo mundo precisa apresentar ideias.

Pois é, Diego querido, agora não vejo a hora de colocar tudo isso em prática…rsrs

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PS: Em português, o livro saiu com o nome “TED: falar, convencer, emocionar”.

Ligeiramente grávida

Livros e filhos são muito prazerosos de se conceber. É divertido e bom. A gravidez de ambos é mágica e estimulante, você se sente importante e especial. O problema é trazê-los ao mundo e fazer com que tenham uma vida longa, feliz e saudável. Porque escrever um livro é a parte mais fácil. A mais difícil é encontrar uma editora disposta a publicá-lo e distribui-lo com competência.

Ideias que merecem ser espalhadas

Certamente muita gente já ouviu falar do TED, sigla de Technology, Entertainment and Design, nome de uma fundação americana que convida pessoas com ideias que merecem ser espalhadas (esse é o slogan do projeto) para palestras de 15 minutos. Disponíveis na internet no TED.com, já assisti a dezenas dessas conferências rápidas (a assinatura do podcast é grátis), mas nunca tinha participado de um evento pessoalmente. Com o sucesso do projeto, a organização criou o TEDx, uma espécie de franquia gratuita para quem quer replicar o modelo ao redor do planeta. Pois hoje rolou pela primeira vez o TEDxFloripa e tive a sorte de estar na plateia.

Workshop ou palestra?

Atenção, pessoal que organiza e divulga eventos: workshop e palestra são duas coisas absolutamente distintas! Workshop não é um nome mais chique para palestra, como alguns podem pensar.

Numa palestra, você compartilha suas ideias por um tempo que varia entre 60 e 90 minutos e depois as pessoas fazem perguntas (pode ter algumas variações, como perguntas durante a explanação, que eu até prefiro, mas é basicamente isso).

Um workshop pressupõe interação e experiência prática (não é à toa que a tradução em português é oficina — quase ninguém usa porque não é tão chique). Nesse caso, quem está participando não é apenas passivo; vai sair de lá com alguma coisa construída. Ah, e inserir uma dinâmica de grupo não configura workshop (detesto aquela de abraçar o estranho ao seu lado ou cantar músicas bregas com mãozinha para cima…eheheh).