O que você quer ser quando crescer?

O mundo já foi mais simples. Ao ser perguntada sobre o que queria ser quando crescer, uma criança, quando eu ainda era uma, em geral respondia os previsíveis: professora, jogador de futebol, médico, engenheiro, advogado, atriz (naquela época não existia ainda a versão atriz-modelo-apresentadora). Eu, eclética desde que nasci, já quis ser piloto de helicóptero (cheguei razoavelmente perto ao fazer sofware para um robô aéreo), paleontologista (o máximo é que quase ninguém sabia o que era isso e eu aproveitava para dissertar sobre o assunto no auge dos meus 9 anos), agente secreto (biônica, claro) e repórter. Acabei trabalhando como engenheira eletricista por mais de 10 anos e agora sou consultora de empresas, dou palestras e aulas também.

Mesmo assim, ainda não sei o que vou ser quando eu crescer. E você?

Pois vejo que as pessoas geralmente ficam confusas na época de fazer o vestibular, como se fossem se casar e tivessem que escolher bem o noivo com quem viverão até a morte. Se hoje nem os casamentos são mais assim, o que dirá as profissões. Eu não tive crise para escolher engenharia porque sempre quis saber como as coisas funcionavam, adorava física, e a matemática nunca me incomodou. Nunca achei que estava abrindo mão das outras escolhas.

Hoje, vejo estudantes e profissionais esboçando uma angústia mal contida em relação ao mercado de trabalho. Lamentam que não há empregos, e, os que existem, pagam muito mal, em desacordo com o que foi investido para se qualificar. Pena, né?

Mas pena por quê? Será que não temos aí um problema de abordagem? A pessoa estuda design e sai da faculdade crente que lhe espera um emprego de designer. Estudantes de publicidade e propaganda sonham com o dia em que atenderão grandes contas em agências famosas. O sujeito se esfalfa para fazer medicina e pega o canudo ansioso para fazer o quê? Ora, ser médico…

As pessoas têm que se conscientizar que a coisa mais importante que se aprende na escola é a aprender! E quem sabe aprender, faz qualquer coisa. E o melhor de tudo, inventa profissões! Qual era mesmo a criança que queria ser videomaker? E webdesigner? E produtor musical? E consultor motivacional? E organizador de eventos? E programador de jogos virtuais? E personal trainer? E DJ? E personal stylist? Claro que nenhuma! A maioria dessas profissões não existia há 10 anos!

Como essas, as profissões que mais remunerarão e gratificarão nos próximos anos ainda não foram inventadas. Estão quietinhas em algum canto, esperando por alguém criativo e perspicaz que as descubra… E quem estudou, quem tem acesso à informação, quem aprendeu a aprender, tem muito mais chances de fazê-las desabrochar.

Engenheiros que escrevam poemas, escritores que pintem paredes, professores de educação física que saibam falar chinês, psicólogos que lutem karatê, médicos que dancem flamenco, administradores que pratiquem capoeira, advogados que fotografem moda. Pessoas que não se limitaram às paredes da escola, que têm sede de saber mais, que combinam de maneira inusitada os saberes que conseguiram reunir, são as que inventarão as profissões daqui pra frente.

Eu penso que você tem todas as ferramentas para tentar. Por que não experimenta?

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PS: Escrevi isso em 2005 e me lembrei de ressucitá-lo agora por causa de um livro que estou lendo. Além disso, recebi uma pergunta assim pelo Facebook. No final, tudo se junta…

Lígia Fascioni | www.ligiafascioni.com.br

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