Não sinta pena

Uai, esse aí tentando passar por mineiro, é, na verdade, turco…

Reza a lenda que o Döner Kebap foi inventado por turcos aqui em Berlin para agradar ao paladar dos alemães (10% da população da cidade é turca).

Eles empilham fatias de carne em um espeto gigante e vão cortando as beiradas. Depois embrulham junto com salada numa folha de pão e fica uma delícia. Mas que essa escultura de carne é bem bizarra, ninguém pode negar…

Nomes engraçadinhos

Como em qualquer lugar do mundo, o pessoal aqui é bem criativo para inventar nomes para estabelecimentos comerciais. Olha só alguns que andei colecionando….

"Quem matou Bambi?". Ué, nem sabia que o Bambi tinha morrido....

"Não chore, crise de personalidade"; tá pra baixo? Faça umas comprinhas...

"Fábrica de diversão": nome mais que adequado para uma sex shop só para mulheres

Dicke Wirtin quer dizer, literalmente, Dona Gorda (e pelo jeito, mal-humorada também...eheheh)

"O amigos desconhecidos": original como essa barbearia-bar

Vou continuar colecionando. Quando tiver mais meia-dúzia, posto de novo, tá?

Decoração para quem tem restrições orçamentárias

Puxa, agora que temos que decorar um apartamento alugado partindo do zero e com recursos bem limitados (a gente sempre acha uma viagem mais interessante do que um guarda-roupa, fazer o quê?), nada melhor do que boas ideias que custam bem pouco.

Até porque, acho que além de mim, tem toda a torcida do Flamengo na mesma situação…eheheh…

Por isso, olha só que ideias geniais achei no sempre sensacional Follow the Colours. Vai vendo…

Uma veneziana antiga para guardar papeis. Adorei!

Lampadinhas de natal dentro de garrafas (não sei onde liga o fio na tomada, pois não aparece). Mas ficou bem bacana!

Bastidores de bordado servindo de telas redondas - show!

Esse foi um dos que eu mais gostei!

Valei-me São Design Thinking

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Dia desses dei uma entrevista sobre design thinking para uma revista de varejo e a jornalista perguntou sobre a economia e o lucro que a empresa poderia obter aplicando essa abordagem. Respondi, sem titubear, que nenhum profissional sério poderia responder a essa pergunta em termos absolutos. O design thinking baseia-se no risco, não há como se ter garantias. Pode dar muito certo ou muito errado; como saber?

Foi o que bastou para disparar uma saraivada de e-mails malcriados vindos de todas as partes em direção à minha caixa postal. Um dos que mais me chamou a atenção foi o de um designer reclamando que, depois de tanto tempo de luta, finalmente a profissão passou a ter seu merecido status. E eu estraguei tudo, pois é óbvio que quem usa design sempre tem benefícios (seguiu-se, claro, a clássica frase de que não devia dar palpites sobre isso, uma vez que sou engenheira e não designer).

Um outro escreveu indignado dizendo que era uma irresponsabilidade de minha parte afirmar uma coisa dessas, pois ele sempre garantia resultados em seus projetos e agora os clientes poderiam duvidar da técnica; o sujeito ainda cunhou a expressão anti-marketing para descrever o que eu estava fazendo.

Um terceiro, pequeno empresário, disse que leu a entrevista todo empolgado, mas quando chegou nessa parte desistiu de aplicar o método, uma vez que, no Brasil, há que se ter muito cuidado em aplicar dinheiro sem ter garantias concretas. E ainda me agradeceu por eu ter aberto os seus olhos (?!).

Sério, não sei se fico mais triste pelos designers, que parecem não terem lido a entrevista (e se leram, não entenderam) ou pelo empresário, fadado a falir (se ele não queria correr riscos, por que abriu uma empresa?).

Lembrei disso porque essa semana li um texto sensacional da Helen Valters no ótimo Co.Design (achei no twitter, para quem acha que lá só tem BBB…) onde ela fala com todas as letras: “Design thinking não é uma cura milagrosa: ele não vai salvar você“. Mas depois do balde de água fria, ela emenda que ele pode ajudar, e muito.

A primeira coisa que Helen deixa claro (que parece ainda estar bastante confuso na cabeça de alguns profissionais), é que design thinking não é design. O design thinking não substitui o trabalho que os designers normalmente fazem: é preciso continuar projetando embalagens, marcas, produtos, sites, peças gráficas e por aí vai, da mesma maneira como os designers sempre fizeram.

O design thinking é uma ferramenta de inovação; é uma abordagem predominantemente de gestão, que se vale de técnicas que os designers usam para resolver problemas. A confusão é tão grande, mesmo lá na terra do Tim Brown, que Don Norman já chegou a dizer que design thinking era um termo que deveria morrer para não causar mais estragos.

Por outro lado, o design thinking, seja lá com o nome que tiver, embute um potencial excepcional para ajudar organizações, desde que elas não pensem que isso é algum tipo de mágica. O design thinking é um processo como qualquer outro. Precisa ser compatível com a cultura da empresa e necessita trabalho árduo para florescer e fazer parte do conjunto de ferramentas usadas na rotina de resolução de problemas do dia-a-dia dos profissionais.

Minha opinião é que o design thinking é uma das ferramentas para se fazer a gestão do design na empresa. Mas não é a única e nem resolve automaticamente todos os problemas.

Dito isso, há que se considerar que o design thinking é ótimo para fertilizar e nutrir ideias, basta lembrar que elas não nascem dentro de uma caixa preta. É útil, principalmente, quando a empresa não tem designers entre seus líderes e não está mergulhada numa cultura de design consolidada. Um bom exemplo é a Apple, que não usa formalmente o design thinking, mas respira design por todos os poros; e olha que ela é a empresa mais orientada ao design que se tem notícia.

Sim, design thinking é realmente um instrumento poderoso, que pode ajudar de verdade sua empresa inovar. Mas ainda assim é apenas uma ferramenta, incluindo todos os poderes e limitações que qualquer ferramenta tem.

Então, pessoas, é isso. Design thinking não é super-herói, não é investimento com retorno garantido, não é santo milagreiro, não é artista da moda, não é Viagra, não é design de produto e também não é o santo padroeiro dos empresários desesperados.

Mesmo assim, se eu fosse você, apostaria.

***

Se você está vendo o termo design thinking pela primeira vez ou não entendeu muito bem essa conversa, convém ler isso aqui primeiro: design thinking e design de serviços.

Outros olhos

Vitrine de ótica é uma coisinha tão chata e previsível, né? Mas o designer Oliver Schwarzwald pensou que dava para fazer diferente sem gastar muito e de um jeito bem original. As possibilidades são infinitas e dá para separar os modelos por estilo. Não é um show de bom-humor e criatividade? Adorei.

Fotografia: Oliver Schwarzwald

Fotografia: Oliver Schwarzwald

Fotografia: Oliver Schwarzwald

Achei no sempre ótimo Packaging Uqam.

Na estrada

Essa semana fui de trem a Hettstedt, cidade onde o Conrado trabalha, e voltamos juntos de carro. O tempo estava bem maluco, o que rendeu fotos bem bacanas, mesmo se considerar que tirei com meu iPhone 3G antiguinho (tá, o Instagram ajuda bastante!).

O arco-íris vai para a Clô, fã do fenômeno (impossível não lembrar de você toda vez que vejo um).

Por-do-sol às 4 da tarde

Chove chuva

Presente surpresa (adorei o caminhão estrategicamente posicionado)

Bem-vindo… quem?

A Bombardier é uma gigante multinacional canadense de transporte global que atua tanto na indústria aeroespacial (Bombardier Aerospacial) como do desenvolvimento de equipamentos para a indústria ferroviária (Bombardier Transportation) e atua em 23 países. A sede da Bombardier Transportation fica em Berlin e a empresa herdou o nome do seu fundador, Joseph-Armand Bombardier.

O negócio é tão importante que a principal estação de trem da capital alemã, a Hauptbahnhof, tem um letreiro gigante no piso superior, onde a empresa dá boas vindas aos que chegam.

Por que esse papinho todo? É que bombardier quer dizer bombardeiro tanto em francês (língua de origem da empresa canadense), como em inglês, assim como em alemão.

Gente, um país que sofreu tanto com bombardeiros na guerra e foi tão duramente destruído precisava mesmo de uma mensagem “Bombardeiro, bem-vindo a Berlin” na sua principal estação de trem?

Fico incomodada toda vez que vou lá e vejo o tal letreiro; parece que veio daquele blog, Placas Ridículas. Acho mórbido, sabe? Para ser mais exata, kränklich.

Competência técnica excepcional

Fotografia: Shkoda Maria

Essa semana fui resolver a questão do visto (até então eu estava aqui como turista; mas não se pode passar mais de 90 dias por semestre na União Européia nessa condição, e já passei bastante do limite). Não tinha dado entrada ainda porque um dos requisitos era comprovar os conhecimentos básicos na língua alemã (nível A1); agora estou no A2. Faltei à aula e os professores me desejaram boa sorte, pois essa parte é bem chata mesmo.

Fomos muito bem recebidos pelo funcionário e ganhei um visto provisório (engraçadamente chamado de Fiktionbescheingung). O Fiktion do nome é ficção mesmo, um termo jurídico que quer dizer, grosso modo, que o negócio não está valendo ainda, mas é como se estivesse. O que eu pedi foi um visto de residência, que me permite apenas morar aqui, pois sabia que para trabalhar seria um complicação. Achei melhor deixar para me preocupar com isso depois que dominasse o idioma.

Pois tive uma grata surpresa quando o rapaz nos informou que eu teria permissão automática para trabalhar assim que ganhasse o visto definitivo, mesmo sem pedir. Sabem por quê?

É que estou acompanhando o Conrado, que está na categoria Competência Técnica Excepcional, fornecido a pessoas com qualificação especial (engenheiros, médicos e cientistas cujo trabalho não pode ser realizado por equivalentes alemães por causa da excelência curricular).

Então é isso, esse post era só para me exibir mesmo. Não sei o de vocês, mas meu marido tem Competência Técnica Excepcional reconhecida internacionalmente e não tinha como ficar quieta e não contar para ninguém.

Desculpa aí…

Cada um, cada um

É janeiro e, entre outras coisas, isso quer dizer que vai começar mais um BBB. Tem também um outro reality bombando (um que mostra o dia-a-dia de mulheres ricas). E não se pode esquecer do sucesso imperdoável de um rapaz chamado Michel Teló (seja lá quem ele for, já devia saber que no Brasil fazer sucesso é crime).

Bom, não tenho TV e nem moro no Brasil. Como sei de tudo isso? É que minha timeline no Twitter e no Facebook está floodando de gente se rasgando por conta da diferença de gostos. Uns amam e outros abominam. Aparentemente, essas pessoas não conseguem coexistir no mesmo espaço virtual, a julgar pelas manifestações irritadíssimas de todos os lados. Estão rolando até propostas para fazer uma lei que impeça a exibição de reality shows no Brasil. Pode isso, Arnaldo?

O pior é que muitas dessas manifestações vêm de pessoas que vivem defendendo causas politicamente corretas. Mas regular o gosto alheio não seria o top do politicamente incorreto?

Os que se acham “mais esclarecidos” (adoro esse tom de superioridade cultural) advogam que reality shows e música sertaneja são alienantes e quem gosta disso só pode ser ignorante. Os “ignorantes” reclamam, com razão, o direito de gostarem do que quiserem. Certos eles.

Gente, qual o problema de gostar de BBB? E de Michel Teló? E de “Mulheres Ricas”? E de “A fazenda”? E de “Dr. Hollywood”? E namorar moços e moças? E postar fotos constrangedoramente sexies? E de assistir Hebe Camargo? E de não perder o Jô Soares? E de preferir não comer carne? E de só ouvir música clássica? E de fotografar cada prato que come e postar? E de defender animais? E de colecionar mensagens kitsch com lições de vida? A resposta é, reparem bem: NENHUM!

Cada um gosta do que escolhe e ninguém tem nada com isso. Detesta BBBs? Não assista! É contra o casamento gay? Não case com alguém do mesmo sexo. Acha que bicho morto não é para comer? Não coma. Considera Paulo Coelho o fundo do poço literário? Não leia. Simples assim. Mas deixe os que pensam diferente em paz.

O que não vale é querer que os outros tenham os mesmos gostos que você. O que faz a vida na terra ser tão divertida e interessante é justamente essas diferenças de perfis entre os viventes. Experimente viver num mundo padronizado e veja só que graça tem: zero.

Ahhh… eu não assisto, mas nas redes sociais só se fala disso, não dá para ficar de fora“, é a queixa que mais ouço (quer dizer, leio).

Gente, vou falar uma coisa. Não gosto de futebol. Acho chatíssimo. Mas seria bizarro eu sair por aí dizendo que as pessoas que gostam do esporte são toscas, bobas, feias, xexelentas ou fedidas. Tem dias que as redes sociais não falam em outra coisa (Imagina só na copa?…).

E aí? Vou gastar meu tempo xingando muito no twitter? Pra quê? Eu saio dali e vou fazer outra coisa, ora bolas. As pessoas se esquecem que tudo o que lêem, vêem, ouvem, comem e fazem está inteiramente sob o seu controle. Não quer fazer parte da discussão, é simples: não faça mesmo. Sem bicos e sem mágoas. Não gostou da vibe da festa? Volte outro dia.

Está irritado com o BBB ou com as ricaças? Aproveite para ler um livro, ouvir uma música, dançar, visitar uma exposição, namorar, desenhar, lavar louça, arrumar gavetas ou dormir. Sei lá. Mas não estrague o prazer dos outros.

Isso sim, é muito chato.