Vamos por partes

Ilustração: Julia Randall

Estou em Belo Horizonte agora (sorry, morram de inveja, queridos) para uma palestra e passei boa parte do voo da vinda me deliciando com “O amante detalhista“, de Alberto Manguel.

O livro conta a história de Anatole Vasanpeine, um solitário funcionário dos banhos públicos da cidade francesa de Poitier. Anatole é descrito desde o começo como uma figura sem graça ou ambição. Mas uma coisa ele tem de especial: em vez de olhar o todo, como a maioria das pessoas, tem um fascínio compulsivo pelas partes. Partes de tudo: paisagens, lugares, edificações.

Sabe quando você  foca um detalhe e o resto fica borrado? Pois nosso personagem vê tudo assim, sem reparar que vê o mundo diferente, até que descobre o encanto que é o corpo humano em todas as suas minúsculas particularidades: uma dobra de cotovelo, um vão atrás da orelha, uma mecha de cabelos, um dedo, um pulso. Ele não faz distinção se a pessoa é homem, mulher ou criança; apenas admira, embevecido, as singularidades de cada um.

Vasanpeine aprende a fotografar e cria um novo tipo de arte: captura imagens de detalhes entrevistos em um vão de um dos quartos de banho. Atente para o fato de que não é o que se poderia chamar, apressadamente, de voyeur, pois ele fotografa sem ver; apenas a lente da câmera tem acesso ao modelo. Ele descobre o que fotografou e desfruta da obra somente depois que a foto é revelada.

A história é curta, muito bem escrita, e não vou contar o curioso final, mas fiquei tentada a passar um dia olhando apenas as partes das coisas, sem considerar o todo. Preciso contar que é difícil, muito difícil mesmo. Mas vale exercitar esse novo jeito de ver o mundo que nunca tinha passado pela minha cabeça… que tal tentar também?

Ligeiramente grávida

Nesses dias de correria onde mal dá tempo para aparecer por aqui, lá vai outra coluna requentada. Essa é de 2006, quando lancei “Quem sua empresa pensa que é?“. Mas continua cabendo direitinho para o meu quarto livro, “DNA Empresarial“, olha só.

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Escolhi não ter filhos. Mas calma, antes que alguém se levante da cadeira, quero deixar bem claro: não, não tenho absolutamente nada contra os atuais e futuros papais e mamães (tenho, acredite, casos assim na minha própria família). Aliás, dou graças a Deus que nem toda gente pense como eu, senão o mundo, além de muito chato, já teria se acabado. Sem dizer que eu nem existiria.

É que me conheço o suficiente para saber que não me satisfaria ser uma mãe “mais ou menos”, então, decidi não ser mãe. Acredito realmente que a experiência de gerar um filho é transformadora, mas, o empenho e a dedicação que eu me exigiria são incompatíveis com as outras experiências que escolhi viver. Só saberei se acertei ou não no balanço final. Mas vou arriscar. De qualquer maneira, sempre desconfio de quem tem muita certeza das coisas – isso significa que sempre há a remota possibilidade de eu mudar de idéia algum dia (ou não, como diria o paradoxal Caetano).

Falo isso porque estou lançando um livro em Florianópolis semana que vem (é o quarto), e muitas pessoas que convidei fizeram uma analogia do evento com o nascimento de um filho. E fiquei pensando em como essas duas coisas têm diferenças e semelhanças interessantes.

Livros e filhos são muito prazerosos de se conceber. É divertido e bom. A gravidez de ambos é mágica e estimulante, você se sente importante e especial. O problema é trazê-los ao mundo e fazer com que tenham uma vida longa, feliz e saudável. Porque escrever um livro é a parte mais fácil. A mais difícil é encontrar uma editora disposta a publicá-lo e distribui-lo com competência.

Ambos são a prova de sua passagem pelo mundo, a marca que você vai deixar, a diferença que você vai fazer. Dependendo do filho ou do livro, você pode ser lembrado com carinho ou xingado sem dó por um bom pedaço da eternidade. Ou ser solenemente ignorado pela eternidade inteira.

Mas não se deve esquecer que, tal qual para criar bem uma criança, para lançar um livro é bom que se tenha a ajuda de um pai. A editora faz as vezes desse segundo poder e é responsável por dar forma ao corpo ao volume, distribui-lo e promovê-lo. E o pai, nesses casos, pode encher o filho de carinho e ajudá-lo a crescer e ser feliz ou pode ignorá-lo e impingir-lhe traumas intransponíveis, impedindo-o de se desenvolver. Quem saberá até que o trabalho seja feito? Por sorte, esse meu último rebento tem a Integrare como pai e ele tem sido irrepreensível, um verdadeiro modelo.

Pode-se educar e cuidar de um filho, mas seu caráter já nasce com ele.  Isso deve explicar porque irmãos criados da mesma maneira são tão diferentes.  Também exime um pouco os pais de alguns comportamentos inexplicáveis dos filhos, pois, como nos lembra Sartre, “o essencial não é aquilo que se fez do homem, mas aquilo que ele fez daquilo que fizeram dele”. Assim, se um filho, por infortúnio dos genitores, virar ladrão ou assassino, não dá para simplesmente culpar os pais. Se ele for um gênio, também não. O humano é um ser muito complexo.

Já um livro é muito simples. Se você não gostar, achar chato, pretensioso, entendiante ou um desperdício de papel, a culpa é toda de quem o escreveu. Se for um amontoado de asneiras, se for cheio de veleidades e absurdos, se não servir nem para calço de mesa, o autor é o único responsável.

Dito isso, espero todo mundo no auditório da Acate, dia 7, segunda-feira, em Floripa, para apresentar a minha mais nova cria (inscrições para a palestra aqui).

Mas e alguém for lá e achar o meu rebento muito feio, sem sal, inconveniente, magrinho, mal-educado ou com cara de joelho, por favor, não me diga nada não; coração de mãe é muito sensível…rsrsrsrsrs

No ano que vem, espero aumentar a família com mais dois irmãozinhos para meus filhotes. Uns 9 meses e eles devem estar nascendo…

Tanto trabalho

Os designers bolam embalagens bacanas, o pessoal do marketing quase morre para arrumar um jeito de destacar o produto no mercado; tem investimento em propaganda, tem planejamento estratégico, tem consultoria em naming, tem pesquisa de mercado, tem todo um trabalho de posicionamento da marca. E tudo isso para quê? Para chegar um tiozinho e assassinar o negócio quando a coisa chega no mercadinho.

O pessoal do branding não pode bobear mesmo, a qualquer momento tudo pode ir por água abaixo…


Trabalhai e vigiai, já dizia quem entende bem a complexidade que é um ser humano “criativo”…eheheh

A princesa e o design

Publiquei esse texto em 2006 no Acontecendo Aqui, quando esse blog ainda nem existia. Encontrei nos achados e perdidos e penso que ele ainda é atual. Vê se não é mesmo…

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A matemática, foi, para mim, por muito tempo, apenas um joguinho divertido. A gente aprendia as regras, aplicava-as nas equações e via se tinha acertado. Legal, mas nada muito sensacional. A empolgação veio com a física, que explicava o mundo e as coisas. Essa sim, era fascinante! E, veja só, a física usava a matemática para se expressar, para se traduzir. As duas foram fiéis companheiras durante a maior parte da minha vida de estudante, e, depois, como profissional. Nunca entendi como é que tanta gente se repugna com essas duas senhoras tão sedutoras…

Como não se deixar enlevar pela beleza de um problema bem resolvido, uma solução elegantemente apresentada? A harmonia e a perfeição da álgebra, a incrível simplicidade da trigonometria, as grandes sacadas da geometria, a genialidade do cálculo integral e diferencial! Lembro-me bem de alguns professores da engenharia, que, após encher várias vezes o quadro de equações usando todo o alfabeto grego, terminavam a explicação declarando: eis a prova de que Deus existe! E não dava para duvidar mesmo.

Há muito não tomo chá com as velhas amigas, mas continuo lendo sobre o assunto. E esses dias, deliciando-me com “La matemática como una de las bellas artes”, de Pablo Amster, deparei-me com uma história, contada no livro, que pode ajudar a entender algumas coisas.

Trata-se de uma série tcheca de desenhos animados que conta a saga de uma princesa que precisa escolher um marido. Cada episódio mostra um galante cavaleiro se apresentando à dama, apelando para as mais imaginativas e magníficas formas de impressionar. Teve um que até estrelas fez chover. O capítulo sempre termina por mostrar o rosto da princesa em primeiro plano, sem uma sombra de emoção e dispensando o candidato com indiferença. Seria ela uma mulher insana, eternamente descontente? Uma deprimida infeliz? Uma autista em estado avançado?

Mas a série tem um final, e o último capítulo é surpreendente: o derradeiro pretendente se apresenta e, em vez de das maravilhas espetaculosas proporcionadas pelos shows de seus antecessores, o homem apenas tira de dentro de sua capa um óculos de grau. A princesa o coloca e, subitamente, passa a sorrir, oferecendo-lhe a mão. Pois é, a pobre era míope, perdeu todos os espetáculos e se rendeu àquele que lhe ofereceu outra abordagem, apesar de singela. As interpretações são muitas e ricas, escolha a sua.

Mas, seguindo a linha de raciocínio do autor, quem sabe não é assim também com a matemática? Talvez muita gente não consiga ver a sua beleza porque lhes faltam os óculos corretos. E, lembrando a Dulce Magalhães, no seu “Mensageiro do vento”, as lentes não servem para consertar os olhos, mas para distorcer o mundo, de maneira que ele se adapte a nós, e a gente consiga finalmente entender o que está vendo.

Quem sabe o design não poderia ser esses óculos? Essa ferramenta que mostra a harmonia e a beleza matemática de uma maneira que nos sensibilize e nos encante? Que nos chame atenção para a proporção áurea, para a adequação da forma, para a hierarquia clara das informações, para a escolha concliliatória e equilibrada das cores? Não seria a chave para a paz?

Foi só uma divagação, é claro que as coisas não são tão simples… e, pelo que tenho visto, temos que descobrir também como inventar óculos para que as pessoas possam enxergar melhor o design e seu valor. De alguma maneira, somos todos um pouco cegos…

Livros sobre design thinking

O povo anda pedindo tanto que resolvi dar uma organizada na informação e listar aqui algumas referências sobre design thinking que podem ser úteis para quem está estudando o negócio.

Primeiro os livros que li, gostei e recomendo muito. Alguns não falam explicitamente de design thinking, mas ajudam a pensar a respeito. Os que têm links são os que já resenhei e publiquei aqui:

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Esses aqui eu ainda não li, mas estão na minha lista de espera porque me foram muito bem recomendados:

  • BLANK, Steven G. The four steps to the Epiphany – Successful strategies for products that win, 3. Edição, 2007.
  • GRAY, D.,BROWN, S., MACANUFO, J. Game Storming: A playbook for innovators, rulebreakers and changemakers. O’Reilley Media Inc., 2010
  • HEATH, Chip e HEATH, Dan. Ideias que colam. Por que algumas ideias pegam e outras não. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
  • ROAM, Dan. The back of the napkin: solving problems and selling ideias with pictures. London: Penguin Group, 2009.
  • SIMONTON, Dean K. A origem do gênio. Perspectivas Darwinianas sobre a criatividade. Rio de Janeiro: Record, 2002.

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Provavelmente me esqueci de alguma coisa e quem tiver mais livros bacanas para recomendar, por favor, indique nos comentários. Bora pensar design thinking todo mundo junto!

Necedade, noitada e bacteriano

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Bom, primeiro já vou avisando que não tem erro de digitação não: é necedade mesmo. Eu também não sabia que essa palavra existia, mas necedade significa ignorância, estupidez ou tolice (vejam como esse blog também é cultura!).

Dito isso, vamos a mais um contículo criado a partir de 3 palavras achadas aleatoriamente no dicionário (esse é bem rápido porque a agenda está cheia).

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– Wandigleydson…

– Hã?

– Por que é que tem noitada, mas ninguém ouve falar em diada? Não tem farra nem coisa boa durante o dia?

– É mesmo, nem tinha reparado.

– E tem mais, olha só: tem bacteriano, microbiano, mas não tem virusiano. Não é discriminação?

– Não. É excesso de necedade no mundo mesmo.

Otávio pelado

O fofinho mais famoso desse pedaço precisou ser tosado. Ele tem o pelo muito fininho; então, quando cresce, vão se formando novelos tão densos que chegam a ficar sólidos e impenetráveis. Isso aliado ao fato de que o mimado odeia ser escovado (não deixa de maneira nenhuma), não nos deixou outro caminho.

A tosa foi bem difícil; duas horas comigo segurando o rapaz e falando baixinho no ouvido dele para que a moça conseguisse encontrar caminhos para encaixar a máquina. Não tinha jeito, foi extenuante para todo mundo. Daqui pra frente esse peludo vai ter que usar um corte mais curto; deixar o pelo crescer comprido de novo, nem pensar.

No começo ele ficou indignadíssimo (e engraçado), mas, manhoso como é, está curtindo muito mais os carinhos que recebe, pois agora a mão da gente chega perto da pele. Acho que antes ele nem sentia, com aquela camada grossa de nós.

Tá bom, peludo ele é mais bonito. Mas pelado até que está um lêmure bem charmosinho…

Semana que vem é a vez do Heitor. Se eu conseguir, vai rolar um ensaio com nú artístico com nossos dois neguinhos lindos.

A viagem de cada um

Fotografia: Manuel Archain

− Vandinha, és tu?

− Não acredito! Neide, da Trindade?

Estava sentada ainda há pouco num avião, ao lado de duas senhoras muito excitadas. Aparentemente tinham sido vizinhas, estavam há tempos sem se ver e havia muita conversa para colocar em dia. Uma tinha ido visitar a filha em Maceió e a outra voltava de um tour pela Europa.

Não pude deixar de ouvir (e achar engraçado) quando a turista declarou que dessa vez tinha feito Itália, Alemanha e Grécia. Sempre achei bizarra essa expressão. O que poderia significar “fazer” um lugar?

Devo estar sendo preconceituosa – e estou – mas costumo ouvir isso de pessoas que visitam 12 países em sete dias e nem sabem dizer o que estão vendo. Boa parte se concentra em detalhar as compras e avaliar como as coisas estavam ridiculamente baratas (ou indecentemente caras, dependendo do país e da época). Parecia ser o caso da senhora ao meu lado e de sua vizinha, que também já tinha “feito” praticamente toda a Europa.

Certa feita fiz papel de boba ao ouvir uma colega dizer que ia variar o roteiro porque já conhecia Paris. Inocente, perguntei quantos anos havia morado lá. Pra mim, o único jeito de uma pessoa conhecer uma cidade, principalmente daquele tamanho e com aquela diversidade de atrações é vivendo lá. Ela me respondeu, como se minha pergunta fosse absurda, que tinha desfrutado da cidade luz por – pasmem – dois dias inteiros! E há quem declare, numa situação dessas, que já conhece a França.

Outro fato que me chama atenção são as popularíssimas viagens de navio. Algumas milhares de pessoas são confinadas em um clube gigante por dias, semanas. E ficam tão encantadas com a embarcação em si que tenho a impressão de que não faz muita diferença se saem ou não do porto de partida. Como desfrutar das cidades do percurso se o navio atraca às nove da manhã e tem que zarpar às cinco da tarde? Pode reparar: os viajantes dessa modalidade nunca conseguem descrever os lugares visitados tão bem e com tantos detalhes como o fazem com a quantidade assombrosa de comida e o número e estilo de restaurantes onde se pode comer à vontade, praticamente até explodir (arghh…).

Também fico intrigada com as relações hierárquicas que as pessoas inventam sobre viagens. Tive a chance de sair do país algumas vezes e sempre tem quem me pergunte, com certa indignação. “Mas você já conhece o Brasil? Quem não conhece o Brasil, não devia viajar para fora.” Ué, será que perdi alguma parte? O que uma coisa tem a ver com a outra? Além disso, alguém acha que é possível uma pessoa “conhecer” o Brasil? Viajo para onde tenho oportunidade, seja à cidade ao lado ou ao continente ao lado. Se bem que, confesso, se puder escolher, vou sempre o mais longe que posso. O contraste, as curiosidades e o jeito diferente de pensar são irresistíveis para uma curiosa nata.

Há também quem considere viagens como maratonas que precisam ser vencidas; querem conhecer o máximo de lugares possíveis em um mínimo de tempo. Daí que ficam tão atordoadas com a quantidade de informação que perdem a capacidade de se deslumbrar (o que, para uma deslumbrada profissional como eu, é o fim do passeio).

Fico intrigada com essas coisas todas talvez porque viajar, para mim, é um evento tão sagrado que não posso evitar de ter um respeito quase religioso pela atividade (tá bom, digamos que é uma religiosidade um tanto herética e petulante, mas tá valendo a alegoria). Que outra oportunidade a gente tem de fazer nosso mundo ficar maior e mais rico de um jeito tão interativo? Ouvir sotaques diversos (se for em outra língua, então, acho sublime); experimentar sabores inéditos; entender outra maneira de pensar, outra cultura e costumes; sentir cheiros diferentes; ver, com os próprios olhos a arte produzida naquele lugar em tempos atuais ou antigos; vislumbrar paisagens antes só imaginadas; aprender história e descobrir histórias.

Gente, fala sério, viajar é a coisa mais sensacional que um ser humano pode empreender; é transcender a si mesmo e ver, de verdade, o outro.

Lembrei-me agora de quando contei a um amigo querido sobre uma oportunidade em pude flanar em Londres (foram míseros dois inesquecíveis dias emendados em uma viagem a trabalho) e me deparei com uma casa cuja placa dizia o seguinte: “Aqui viveu Sir Isaac Newton”. Eu estava sozinha e fui às lágrimas, quase não acreditando que aquele gênio tinha pisado lá onde minhas botinhas estavam. Mas eis que, no final do emocionado relato, o mané dispara: “Mas quem é esse tal Isaac Newton?

Foi aí que caiu a ficha: há tantas maneiras de viajar quanto há viajantes no mundo. Tenho meu jeito particular de bater asas e o que é sagrado para mim pode não ser para os outros; cada um com seus deuses.

De que adianta dar a volta ao mundo se a gente não consegue se desprender de si e compreender que não tem certo ou errado, não tem melhor ou pior; o que existe é uma quantidade riquíssima e infinita de pontos de vista e que essa é justamente a graça da história? Se o sujeito foi até o outro lado do mundo e gastou o tempo todo em shoppings, mas está feliz e voltou realizado, qual o problema?

Parafraseando o Caetano, que deve viajar como ninguém, só me resta concluir o óbvio: qualquer maneira de viajar vale a pena; qualquer maneira de viajar valerá.

Poderosa

Bem como eu tinha previsto, devorei o segundo tijolão da série Millenium “The girl who played with fire“, do Stieg Larsson, durante a viagem de volta. Esse segundo livro ainda é melhor e mais empolgante que o primeiro; adorei. Um policial muito bem construído e que prende atenção do início até o final; só que esse tem mais personagens e a trama é mais complexa, então precisa ler de uma tacada só para não se perder.

Lizbeth Salander é uma heroína muito diferente: com fortes dificuldades de relacionamento e traumas de infância bem pesados, ela pode ser muito violenta quando provocada. Hacker genial e motocilista (como não amar?), a moça tem seus princípios e é impossível não simpatizar com essa grande pequena guerreira de vinte e poucos anos que todo mundo pensa que tem 14 (ela é baixinha e miúda, cheia de piercings e tatuagens).

Agora estou agoniada para ler o terceiro. O duro é que depois acaba, pois o autor morreu logo após entregar os originais. Rola um boato de que há um quarto volume que apareceu de maneira misteriosa, mas não sei não, acho que é jogada. E no ano que vem o volume 1, “The girl with the dragoon tatoo” vai para as telonas (há esperança de que não estraguem, pois a produção é sueca, não hollywoodiana). É esperar para ver.

Meus 4 amores

Coisa mais gostosa que tem é morar numa casa com gatos fofos. É o que mais estou sentindo falta lá em Berlin; cheguei, atravessei as cinzas do vulcão e já me acabei de afofar esses queridos lindos. Eles estão bem mimados pela avó e parece que nem perceberam que fui e voltei (que bom). O Otávio está cada dia mais gostosinho e folgado. Agora ele expulsa a pessoa do sofá para poder deitar no quentinho (abusado grau 10).

O Haroldo continua sendo o mais elegante (o único que não está cheio de nós) e aristocrático, mas perde totalmente a classe quando ouve a palavra mágica “biscoitos”.

A situação capilar do Otávio está tão séria que vou levá-lo para a tosa na segunda-feira; o fofo tem o pelo muito fininho e odeia ser escovado — e dá-lhe nó. O Heitor só não é o Rei dos Nós porque perde para o Otávio; por isso, demos a ele o título de Príncipe dos Nós. O Conrado tem uma semana para tentar dar um jeito nas maçarocas, senão, vai para a tosa também (o Heitor só aceita ser escovado por ele).

Enfim, nossos fofuchos mimados e cheios de manias estão ótimos e parece que nem sentiram nossa falta (parabéns para a minha mãe e o Adalberto, que fizeram um ótimo trabalho).

Daqui a pouco já começa a correria; amanhã e sábado vou participar como facilitadora num workshop de Design Thinking da Innovaservice e a coisa já começa a ferver por aqui. Semana que vem tenho tantos cafés que, se não ficar intoxicada, vai dar para participar dos almoços também (delícia rever amigos queridos).

Enfim, de volta à Ilha por algumas semanas. Agora só falta parar de chover, né, São Pedro?

Haroldo, o gato mais lindo, posudo e aristocrático que existe

Otávio, seus nós e olhos de sol

Meus dois neguinhos queridos: Heitor e Otávio parecem irmãos, na fofura e nas maçarocas de pelo

O Horácio sempre na dele; nosso floquinho autista