Dia do beijo

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Sexta-feira passada foi um daqueles dias históricos que a gente nem imagina que vai viver. Eu era adolescente quando vi uma reprodução de “O beijo”, de Gustav Klimt, num livro de história da arte da biblioteca pública. Fiquei fascinada e passei a estudar e ler tudo o que encontrava sobre o artista.

Em 1997, quase 20 anos atrás, na primeira viagem que fiz à Europa, para visitar a feira de tecnologia de Hannover, achei um livro lindíssimo da Taschen com os principais trabalhos dele. Naquele tempo os livros de arte não eram tão comuns no Brasil, nem tão acessíveis. Comprei aquela maravilhosidade e nem liguei para o fato do texto estar em alemão. Jamais imaginei que um dia poderia lê-lo. Outra daquelas surpresas sensacionais que a vida nos dá de presente; agora posso decifrá-lo sem dificuldade.

Pois agora pude contemplar a tela original de “O beijo”. Levei um tempo para apreciar os detalhes, pois meus olhos estavam embaçados pelas lágrimas que teimavam em transbordar. Ainda bem que o Conrado estava ao meu lado para me abraçar e compartilhar um momento tão importante; afinal, foi ele quem me trouxe até aqui.
É tanta gratidão que não tenho nem palavras para expressar. É como se toda a beleza do mundo estivesse concentrada naquela sala, naquela hora.
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O choro só acabou quando caímos na gargalhada ao ver que o museu teve que reservar uma sala ao lado com uma reprodução para as pessoas poderem tirar selfies. Se não tivesse visto, não acrediatria. O Belvedere ainda teve a presença de espírito de aproveitar esse surto coletivo de narcisismo para criar uma hashtag no Instagram. Assim as pessoas podem divulgar suas selfies e o museu ao mesmo tempo. Se não pode com o inimigo, una-se a eles!